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Verminoses Gastrintestinais em Ruminantes no Nordeste Brasileiro

Estas perdas representam sérios prejuízos devido ao retardamento no crescimento e mortalidade dos animais, quando a infestação é grande.

O desenvolvimento das larvas infectantes no interior dos bolos fecais e a sobrevivência, persistência e migração dessas larvas nas pastagens depende dos fatores climáticos da região, principalmente da temperatura e umidade. A transmissão ocorre principalmente em meados da estação chuvosa/início da estação seca.

A disponibilidade de larvas infectantes de vermes pulmonares nas pastagens ocorre de maneira inversa aos vermes gastrintestinais. A maior quantidade de larvas infectantes na pastagem ocorre nos meses mais secos, na maioria das nossas regiões. Nesta época , os animais podem apresentar os sintomas da doença. Nos meses mais quentes e chuvosos, a quantidade de larvas dos vermes pulmonares é menor devida às altas temperaturas que prejudicam seu desenvolvimento.

Quando nascem, os bezerros ingerem o colostro, que confere resistência a agentes de doenças por algumas semanas. Durante os primeiros meses de vida, eles se alimentam principalmente de leite, ingerindo uma quantidade pequena de pastagens, logo, o número de vermes adultos nesses animais é geralmente baixo.

A verminose pulmonar é mais comum em bovinos no primeiro ano de vida. Os animais que sobrevivem a primeira infecção ou que são acometidos por uma infecção branda desenvolvem um certo grau de resistência as reinfecções nos anos seguintes.

Os animais de cria e recria (do 4º ao 24º mês de idade) são os que mais sofrem com a verminose gastrintestinal, pois nesse período, o efeito protetor do colostro terminou. Os bezerros precisam produzir sua própria resistência, o que nem sempre ocorre de forma efetiva para eliminar a maior proporção das larvas ingeridas. Esses animais contribuem com a maior quantidade de larvas que contaminam as pastagens.

Tanto nos caprinos quanto nos ovinos, as infestações por vermes, em geral mistas, são prejudiciais, porque exercem sobre o organismo do hospedeiro ação nociva múltipla, espoliativa, tóxica, traumática, irritante e mecânica. Existem vários efeitos negativos que podem variar com a intensidade da infestação, como o crescimento retardado, pouca eficiência reprodutiva, pouca resistência a enfermidades, alto índice de mortalidade.
Devido ao hábito hematófago dos vermes, animais com altos índices parasitários poderão perder até 145ml de sangue por dia, conseqüentemente, após a infecção, os animais desenvolvem um quadro de anemia grave, em um curto período de tempo. As respostas imunológicas contra a reinfecção se desenvolvem de maneira lenta e incompleta, deixando os rebanhos sujeitos à reincidência das formas clínicas e subclínicas.

Controle estratégico: Bovinos

As aplicações estratégicas de vermífugos na época seca asseguram que a maioria dos vermes seja exposta a ação dos vermífugos, já que a reinfestação é reduzida nessa época.

O controle estratégico da verminose inclui vermifugações em épocas pré-determinadas de todos os animais de cria e recria, independentemente de apresentarem sintomas ou não. Os bezerros lactantes com menos de quatro meses de idade devem ser mantidos em currais limpos e em pastagens secas e de boa qualidade, sendo tratados quando ocorrerem casos clínicos. Animais adultos, incluindo as vacas em lactação, são vermifugadas apenas se apresentarem sintomas da doença.

O controle estratégico com a aplicação de vermífugos concentradas na época seca foi avaliado em vários experimentos no Brasil e mostrou eficiência. Esses esquemas consistem na aplicação de vermífugos no início, meados e finais de período seco.

O uso de vermífugos na época seca foi avaliado no Centro Nacional de Gado de Leite – CNPGL e mostrou ser eficiente.

Dentre os vermes mais patogênicos que afetam a caprino-ovinocultura estão os do gênero Haemconchus e Trichostrongylu. Os parasitas se alimentam de sangue. Isto causa anemia e fraqueza geral nos animais, impedindo seu desenvolvimento e comprometendo a produção animal.

O simples exame de fezes ajuda o produtor a combater a parasitose. Para esta operação, deve-se colher diretamente no reto do animal, dois gramas de fezes e em seguida levá-las a um laboratório, em um recipiente esterilizado, contendo 30 mililitros de solução fisiológica.

Para o controle da parasitose, recomenda-se a vermifugação anual, com rotatividade dos anti-helmínticos, de modo a evitar a resistência dos parasitas.

Uma maneira eficiente de controlar e minimizar a infestação nos pastos é a rotatividade nas pastagens e evitar a superlotação nas mesmas. Assim, se recomenda o pastejo rotativo, da seguinte forma: que cada piquete seja utilizado uma semana, para cada quatro de descanso. A rotação de culturas também ajuda no controle da verminose.

Em caso dos animais apresentarem os primeiros sintomas, medidas devem ser tomadas no sentido de dizimar a infestação através do uso de anti-helmínticos de forma precisa e eficaz, ou seja, a vermifugação deve ser específica para a infestação dos parasitas, através de exames específicos.

Um estudo epidemiológico é recomendável para o controle eficaz da parasitose. Em climas secos como o das regiões áridas e semi-áridas, com baixas precipitações pluviométricas, é indicado o uso de anti-helmínticos no período de estiagem, repetindo-se a vermifugação de 21 a 60 dias, de acordo com a infestação de parasitas.

Forragens:

As forrageiras quando são produzidas em campos fertilizados com adubação orgânica oriundas de dejetos animais, a ocorrência de verminoses deve ser considerada sempre que animais apresentem sintomas sugestivos. Bovinos criados em confinamento desde o nascimento, têm pouca resistência a verminose e um pequeno número de larvas pode ser suficiente para causar surtos da doença.

Nos esquemas de prevenção, deve-se dar preferência aos vemífugos de amplo espectro e nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. Para evitar que os animais sejam vermifugados com doses inadequadas, é recomendado que o rebanho seja dividido em grupos de animais de pesos semelhantes. Em seguida, o peso médio de cada lote é estimado para então, a dose ser determinada e aplicada. Esta providência evita que alguns animais recebam doses maiores do que as recomendadas, enquanto outros recebam doses menores, abaixo da recomendação.

A prevenção das verminoses gastrintestinais e pulmonares deve ser necessariamente incluída nas boas práticas de manejo sanitário dos rebanhos destinados à produção animal, tanto para corte, como para leite. Para isto, medidas de controle podem ser programadas em calendário profiláticos e devem visar a redução da população de vermes adultos no animais e a higienização das pastagens.

Os animais adultos são mais resistentes que os jovens. A intensidade do combate aos parasitas deve ser feita de acordo com a infestação local. E ao diagnóstico dos primeiros sintomas, medidas urgentes devem ser tomadas, no sentido de combater a infestação. A adubação com dejetos de bovinos, ovinos e caprinos em campos de produção de forragens para corte e pisoteio, deve ser considerada como um fator de risco ao aparecimento de surto de verminoses em animais confinados. Os rebanhos submetidos ao controle estratégico devem ser observados e tratados prontamente, na eventualidade de ocorrerem sintomas clínicos. Os vermífugos de amplo espectro aplicados nas doses recomendados pelos fabricantes, são os mais indicados para a prevenção e/ou tratamento dos animais.

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