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Cetose – definição, sintomas e diagnóstico

Os momentos mais desafiadores para as vacas de leite são o pré e o pós-parto imediato. Aproximadamente 75% das doenças ocorrem no primeiro mês após o parto (Goff, 2006). Elas estão associadas principalmente às mudanças que ocorrem das três ultimas semanas de gestação até as três semanas posteriores ao parto, conhecido como período de transição (Drackley, 1999; Grummer, 1995).

Entre as enfermidades do período de transição, as doenças metabólicas, ocasionadas pelo desequilíbrio entre os nutrientes que ingressam no organismo e as necessidades de mantença e produção, possuem significativo impacto na produtividade do rebanho (Drackley, 2005).

A cetose é uma doença metabólica de considerável interesse econômico mundial, devido à sua alta prevalência e impacto na produtividade dos rebanhos. A enfermidade é uma alteração no metabolismo energético que acomete principalmente vacas leiteiras durante o período periparturiente. Ocorre quando há um excesso na produção e concentração de corpos cetônicos, em função da maior demanda energética para produção de leite (Anderson, 1988; Baird, 1992; Duffield et al., 2009a; Roche, 2009).

Os corpos cetônicos são fonte energética para tecidos que possam oxidá-los, como os músculos esqueléticos, coração, trato gastrointestinal, rim e glândula mamária (Bell, 1995).

Os animais com cetose apresentam redução na produção de leite, anorexia e perda de peso. Podem ser observadas ainda letargia ou hiperexcitação e distúrbios metabólicos como hipercetonemia, hipoinsulinemia e redução do glicogênio hepático (Baird, 1982). A enfermidade pode ocorrer na forma clínica ou subclínica (Dohoo e Martin, 1984; Melendez, 2006).

Na cetose clínica, há uma rápida perda de escore corporal, queda da produção leite, fezes secas, anorexia, prostração, o odor de cetona no ar expirado, alta concentração de corpos cetônicos nos fluidos corporais e, ocasionalmente, pode evoluir para sintomatologia nervosa (Duffield, 1997; Ingvartsen, 2006; Radostits et al., 2007).

Já a cetose subclínica caracteriza-se pelo excesso dos níveis circulantes de corpos cetônicos nos fluidos orgânicos (leite, soro e urina) e a não apresentação de sinais clínicos (Anderson, 1988; Duffield, 2000; Gonzáles, 2000). Ainda segundo Duffield (2000), o impacto econômico relaciona-se à perda de peso do animal, ao menor índice de fertilidade e ao aumento da ocorrência de enfermidades secundárias, como o deslocamento de abomaso.

O diagnostico de cetose consiste nas informações do histórico do animal, exame clínico e exames ou testes complementares que avaliam a presença de corpos cetônicos na urina, leite ou sangue (Anderson, 1988, Duffield et al., 1997, Duffield, 2000). Os testes de urina e leite são rápidos e realizados ao lado da vaca. No entanto, o teste laboratorial é preciso e confiável, sendo considerado o teste padrão para diagnóstico da cetose subclínica.

O diagnóstico precoce de cetose subclínica permite uma intervenção e tratamento mais cedo da enfermidade, diminuindo seu impacto no sistema de produção. Além disso, os resultados dos testes podem ser utilizados numa base de rebanho para determinar o nível de cetose subclínica e indicar a necessidade de novas investigações e gerenciamento de melhorias (Anderson, 1988; Duffield, 2000).

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