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Vacina contra carrapato protege 95% das infecções

Uma vacina para combater o carrapato bovino (Boophgilus micropulos) está sendo pesquisada na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS. Esse ácaro é o principal transmissor da tristeza parasitária e, segundo estimativas do Ministério da Agricultura, causa prejuízos ao rebanho brasileiro de mais de 1 bilhão de dólares ao ano. No México, os prejuízos provocados pelo carrapato à pecuária são estimados em cerca de 3 bilhões de dólares; na Austrália, 42 milhões.

No Brasil, o problema se concentra em regiões de criação de raças bovinas européias e seus cruzamentos, de menor resistência ao carrapato. O carrapato bovino ingere sangue, transfere toxinas nocivas ao gado, transmite agentes (anaplasma e babesias) que causam a "tristeza parasitária bovina" e reduz a qualidade do couro do animal, pela formação de lesões na pele. Como o combate ao carrapato é mais efetivo por meio do controle químico, a possibilidade de existência de resíduos de pesticidas na carne pode dificultar a colocação do produto em mercados internacionais mais exigentes, como o japonês.

A vacina

Em janeiro de 1998, os pesquisadores Renato Andreotti e Alberto Gomes iniciaram estudos para desenvolver uma vacina a partir da clonagem da própria proteína do carrapato. A clonagem é um mecanismo usado para garantir a produção em escala industrial do antígeno. "O inédito é que estamos usando uma proteína descoberta na Embrapa Gado de Corte há dois anos", afirma Andreotti. Segundo o pesquisador, somente Austrália e Cuba já desenvolveram vacinas contra o carrapato, mas usando a mesma proteína (BM86), descoberta por pesquisadores australianos. Para o rebanho brasileiro, esse material apresentou baixa eficiência e período de proteção curto. Nos Estados Unidos, as pesquisas científicas nessa área estão orientadas para estudos dos mecanismos da resistência do carrapato a produtos químicos.

"Em teste-piloto realizado com bezerros da raça Nelore, a inibição ao desenvolvimento de carrapatos chegou a 95%. Colocamos 20 mil larvas sobre dois lotes: um aplicado à proteína e outro não", informou Andreotti. Após a conclusão da pesquisa com a proteína do carrapato, a Embrapa Gado de Corte deve intensificar estudos para definir período de proteção, dose e possibilidade de associação da vacina a outros produtos químicos existentes.

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