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Uso de Soja Integral em Dietas de Suínos

O soja e seus subprodutos são de fundamental importância na produção industrial de suínos no Brasil e em boa parte do mundo. Existem alguns pontos a serem considerados na utilização de soja integral ou semi-integral para suínos, tais como: a influência do processamento sobre a qualidade da proteína, a influência do processamento sobre o valor energético da fração gordurosa, a influência do conteúdo de alto nível de acido linolêico sobre a qualidade da carcaça, a importância da fração fibrosa e a presença de fatores anti-nutricionais residuais em relação à produtividade. Estes fatores podem ter uma importância maior ou menor dependendo das condições de criação e da idade fisiológica dos animais.

Uso para leitões

Quando apropriadamente processado, o soja constitui-se num ingrediente preferido para dietas para animais jovens, particularmente quando o suprimento de óleo vegetal tem excesso de demanda no mercado de alimentação humana. Sua utilização nos primeiros 15 membros da União Européia elevou-se nos últimos anos, especialmente com o banimento e restrições do uso de subprodutos de origem animal nas rações. As vantagens chaves em comparação com outros produtos são:

  • uniformidade e composição química grãos produzidos numa mesma região geográfica tem uma composição uniforme;
  • palatabilidade produzido por cozimento ou tostagem, além da melhoria de sabor pela presença do óleo;
  • flexibilidade em termos de uso facilita uso de óleo em fabricas com dificuldades para armazenamento e injeção de líquidos nas dietas.

O maior ponto negativo para o uso do soja é a presença de fatores anti-nutricionais.

Importância dos fatores anti-nutricionais

Grãos de soja crus contém um grande número de fatores anti-nutricionais muitos dos quais têm natureza termolábeis. Dentre estes estão inibidores da tripsina, lectinas e hemoaglutininas. O calor desativa estes fatores e melhora o valor nutricional dos grãos. O tipo de processo (extrusão, cozimento, tostagem ou expansão) e as condições implícitas do processo (variedade de soja, tamanho das partículas, temperatura, tempo, pressão e umidade) têm influencia na qualidade final do produto, não apenas em termos da presença residual de fatores anti-nutricionais e na digestibilidade de nutrientes, mas também em relação a palatabilidade. A destruição total dos fatores anti-nutricionais não é apropriadas já que o excesso de calor eleva o custo de energia e danifica irreversivelmente a qualidade da proteína do grão. Os dois fatores anti-nutricionais termoestáveis que devem ser levados em consideração quando utilizando para leitões são oligossacarídeos da família rafinose (estaquiose e rafinose) e proteínas antigênicas (glicinina e beta-conglicinina). Os oligossacarídeos não são digeridos pelos leitões que não tem as enzimas necessárias para esta digestão, e estes são fermentados no intestino grosso causando flatulência e disbiose (desregulação da microbiota intestinal causando inflamação e diarréia). As proteínas antigênicas causam atrofia das vilosidades intestinais e hyperplasia de glandulas, reduzindo a capacidade de absorção nos animais jovens, resultando em severas diarréias. Os tratamentos térmicos não são muito eficazes na eliminação destas proteínas antigênicas, entretanto, processamentos úmidos tais como extrusão causam uma redução das mesmas.

Existem várias tecnologias inovadoras já implementadas em indústrias processadoras que melhoram a qualidade do grão de soja quanto a redução dos fatores anti-nutricionais e melhoria da palatabilidade dos mesmos. Estas tecnologias estão disponíveis no mercado e têm sido utilizadas em escala industrial por vários segmentos do agronegócio brasileiro.

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