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Suplementação com subprodutos regionais

Casca e polpa de citrus

A casca de citrus ensilada constitui um dos muitos subprodutos de que dispõem o produtor agropecuário da região de Entre Rios (Argentina), contudo seu uso no engorde de bovinos não é muito difundido.

Para ensilar o produto, é feita uma espécie de palangana ao nível do solo; coloca-se uma manta de polietileno com pelo menos 200 micras, sobre a qual é depositada a casca com semente, cobrindo-se em seguida com o mesmo tipo de polietileno, deixando fermentar por aproximadamente 10 dias, como explica o Eng.  J. Butus, chefe de ensino e produção da escola agrotécnica Las Delicias, localizada em Nogoyá, Entre Rios.

Outra forma de armazenar para sua fermentação, é ensilando em silos tubos. Para estes casos, deve-se mesclar com um produto sólido, como farelo de trigo ou grão moído, de maneira a elevar o conteúdo de matéria seca  a uma porcentagem de aproximadamente 40% para evitar que o polietileno sofra um esticamento exagerado, que pode culminar com a ruptura do tubo e a perda do produto armazenado.

Mais econômica e simples, temos outra alternativa, que consiste em incorporar ao silo, puente ou torta de sorgo, milho ou pradera, aplicando-a em camadas, espalhando na massa do silo. No caso de ensilar pradera de leguminosa, a mescla de citrus favorece o processo de ensilagem, por conter açúcares que fermentam a massa forrageira. Em milhos e sorgos que por algum motivo não se conseguiu ensilar a tempo, quer dizer , que seu estado de maturação está quase em ponto de colheita, com muita massa seca, pode-se ensilar agregando citrus para se obter uma boa compactação e fermentação. Outra forma de vedar o silo puente  ou torta é depositando com pá, uma capa de 20 cm. de terra sobre toda a superfície exposta.

As características principais de ensilagem de casca, polpa e semente de citrus, são as seguintes:

  • é um alimento suculento (14-15% de MS);
  • muito energético (3,3 Mcal/kg de MS);
  • boa digestibilidade (90%);
  • quantidade de proteína(8%)
  • rico em cálcio;
  • baixo custo ($0,012/Kg, saindo da indústria, posto no campo até uma distância de 250-260 Km de Concordia, Entre Rios).

Farinha de soja

Os engenheiros  A . Kloster e N. Latimori, técnicos de la EEA INTA Marcos Juárez, mencionam que a farinha de soja é utilizada amplamente em outros países em sistemas produtivos cuja alimentação involucra um forte componente de concentrados. Nesta situação, a farinha de soja aparece como um excelente ingrediente proteico de rações completas, ou como suplemento de diferentes dietas base, especialmente silagens.

Na Argentina, os sistemas de produção de carne e leite são netamente pastoris, com baixa utilização de concentrados e forragens conservadas, por ello as pastagens cultivadas e algumas naturais, bem manejadas, são capazes de suprir as necessidades proteicas durante praticamente todo o ano; a intensificação dos sistemas produtivos requerem emprego de suplementos. O marco descrito restringe a utilização de suplementos proteicos na alimentação bovina, ao menos nas regiões onde prosperam  espécies templadas produtoras de forragens de alta qualidade. A intensificação e o aumento de produtividade registrado pela pecuária traz paralelamente um maior uso de alimentos concentrados.

Os ruminantes suprem suas necessidades de aminoácidos a partir de duas fontes: a proteína resultante da atividade microbiana e a de origem dietario, que escapa a fermentação ruminal porém é digestível no intestino delgado.  Isto confere a ditas espécies um rol único no ecossistema, dada sua capacidade de sintetizar, em presença de energia, importantes quantidades de proteína microbiana prescindindo de  aminoácidos reformados, ao utilizar fontes de nitrogênio não proteico (NNP), uréia, amidos e outros compostos.

Pese a ello, existe bastante acordo em que, durante o primeiro terço de lactação, as vacas de alta produção, não conseguem suprir totalmente suas necessidades a partir de NNP e que o potencial de consumo de matéria seca (MS) e de produção só se pode conseguir utilizando fontes de proteína.

Em geral, até um limite próximo a 17-18% de proteína bruta (PB) da ração, é possível incrementar a produção láctea utilizando uma fonte de proteína verdadeira tal como a farinha de soja. Esta resposta se explica fundamentalmente por um maior consumo de MS que acompanha o incremento do teor proteico do alimento. Ao contrário, aumentos similares de PB em términos de N, pela adição de uréia, não tem o mesmo correlato produtivo . Isto indica que, para determinadas categorias com altos requerimentos proteicos, a incorporação de uma proporção de proteina verdadeira à dieta, resulta quase ineludible se se deseja explorar ao máximo a capacidade produtiva animal.

Neste sentido, a farinha de soja une a qualidade e ao balance de aminoácidos uma degradação ruminal intermedia elementos que a transformam em um valioso ingrediente para a formulação de rações. Desde luego, os concentrados para vacas em lactação não constituem a única alternativa de utilização desta fonte proteica. A criação artificial de terneiros em confinamentos ocupa já a algum tempo uma franja da demanda de alimentos balanceados, igual a recria  de novilhas leiteiras, de reprodutores de cabanha e de engorda a curral de terneiros bolita.

Além destes usos tradicionais, um processo de intensificação da criação bovina incrementou seu uso em plantios de alimentação al pie de la madre ou durante a etapa que segue ao descarte precoce de terneiros de raças para carne.

Grão de soja inteiro

O grão de soja é um produto de fácil disponibilidade para o produtor na maioria das regiões agropecuárias do país. Seu alto conteúdo proteico e energético pode converte-lo em certas circunstâncias, em um potencial integrante de rações para bovinos. En la detección de efeitos adversos adquire importância a percentagem de grão inteiro utilizado. Sugere-se não ultrapassar 15% da ração total. Respeitando esta pauta, em uma prova a curral realizada com novilhas em engorda, não se observaram diferenças em ganho de peso entre dietas com grão inteiro de soja crua e grão inteiro com inativação de fatores antinutricionais  por calor seco e calor em meio aquoso. Estes resultados permitem remarcar  cómo o efeito de um suplemento proteico depende do conteúdo de PB da dieta base. Neste caso, el remplazo isoenergético do grão de soja por milho não mostrou diferenças em ganho de peso respecto das dietas com soja inteira, crua ou inactivada.

Isto pode explicar porque a dieta total de feno e grão de milho manteve um conteúdo proteico de aproximadamente 12-13%, capaz de satisfazer as necessidades de novilhas em engorda.

Resíduos de colheita de soja

Seu valor nutricional depende do conteúdo dos grãos partidos ou pequenos, e sua composição se completa com quantidades variáveis de restos de caules e vagens, sementes de ervas daninhas e material inerte. Geralmente seu preço relativamente baixo e sua disponibilidade pós-colheita, coincidente com os meses de inverno com menor oferta de forragens, a convertem em um potencial ingrediente de rações para bovino. As sementes de chamico, se constituem geralmente, no principal componente de ervas daninhas do resíduo e podem representar até 35% ou mais de seu peso. O aplastamento ou moagem deste resíduo, é imprescendível para evitar a disseminação das sementes de chamico nas pastagens ou restos de cultura. A resposta a este suplemento pode variar com as características da dieta base. Em geral, pode-se esperar bons resultados quando o resíduo de sojas integra rações a base de forragens conservados e concentrados, tal como ocorre em planteos de engorda em curral.

Também foram obtidas respostas interessantes, durante o período outono-inverno, suplementando gramíneas estivales diferidas. Os resíduos de soja, além de  energético, atua como um suplemento proteico de recursos relativamente baixos ou deficiente em  proteina. Em troca, sua utilização como suplemento único de pastagens de alta qualidade durante o período outono-inverno, não é recomendado, já que sua resposta é discreta comparada com os ganhos de peso obtidos com idêntico nível de suplemento em uma dieta simples de engorda em curral. Isto acontece porque, se bem que a concentração de energia digestível  dos resíduos de soja se assemelha a dos cereais, sua utilidade para a flora intestinal é diferente. Um aporte proteico agregado ao já elevado conteúdo da pastagem (20-25% PB), gera no rúmen um excesso de nitrogênio amoniacal, cuja captação e incorporação à proteína microbiana se favorecem com energia de disponibilidade ruminal, como o amido de cereais, e não com lipídios, que se digerem no intestino. Por último, a resposta a suplementação com resíduos de soja e milho sobre pastagens, pode assemelhar-se a obtida com milho puro, o qual realça o valor da combinação, dado seu baixo custo relativo.

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