Agricultura

Soja abre fronteiras e ganha espaço

Área plantada com o grão no país atingirá 27,6 mi de hectares. Valorização anima agricultores

A segurança da demanda e o bom preço nos mercados nacional e internacional estão expandindo a área de cultivo da soja não só em regiões tradicionais de plantio no estado, mas também naquelas onde a existência do grão é menos simbólica. O avanço é registrado principalmente em municípios onde lavouras já existem há quase uma década, mas ainda tinham colheitas tímidas, se comparadas aos grandes volumes do Noroeste de Minas e do Triângulo Mineiro. A expansão é impulsionada por preços que variaram entre R$ 70 e R$ 80 por tonelada no ano passado – e que agora rondam entre R$ 45 e R$ 55. São esses cifrões que devem levar a área plantada da leguminosa no Brasil a chegar a 27,6 milhões de hectares.

Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o avanço da soja no país será de 2,5 milhões de hectares, em comparação com o ano passado. Em Minas, a área total deverá chegar a 1,2 milhão de hectares, 100 mil a mais do que em 2012. Dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) indicam que, com os preços valorizados, a produção eventual de soja já avançou 57% no Sul de Minas, 70% na Região Central, 19% no Centro-Oeste, 17% no Alto Paranaíba e 13% no Norte do estado. Nas áreas tradicionais de cultivo também há expansão: de 7,3% no Noroeste de Minas e de 9,2% no Triângulo Mineiro.

Em Três Corações, no Sul de Minas, a experiência com a soja começou há quatro anos. Entre as safras 2011/2012 e 2012/2013 a área plantada já cresceu 100%. Eram 2 mil hectares, agora são 4 mil. “Um começou a plantar e outro experimentou. A soja está entrando no lugar do milho e a troca funcionou muito bem porque é preciso fazer um rodízio de culturas para evitar doenças”, explica Nilo Maurício Pires Lopes, zootecnista da Empresa de Assitência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) na cidade.

Antônio Claret Naves Pereira, produtor rural no município, está plantando soja há quatro anos por causa do preço e da segurança que ela oferece ao produtor. No ano passado, ele colheu 32 mil sacos. Este ano, a colheita rendeu 40 mil sacos. Em agosto, Pereira terá que decidir se continua com a cultura ou se volta para o milho. “Por enquanto, o custo/benefício está melhor para a soja. Se este ano a expectativa for de empate entre os dois, a tendência é de que a área plantada cresça ainda mais na próxima safra”, explica.

Para Wilson José Rosa, coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, a ampliação das áreas de plantio é reflexo da onda dos altos preços da commodity. Mesmo no Noroeste de Minas e no Triângulo, onde as lavouras de soja tomam conta da paisagem, a cultura foi expandida. “No Noroeste de Minas e no Alto Paranaíba, o avanço da soja substituiu parte da cultura do milho, que recuou por causa da seca”, explica o coordenador técnico da Faemg, Pierre Santos Vilela. No Noroeste, a área plantada de milho caiu 12,4% de 2012 para 2013. No Alto Paranaíba a queda foi de 5,2%.

A corrida pela soja verificada entre os produtores rurais de todo o país não é propriamente uma novidade. É o que lembra Sávio Marinho, agrônomo da Emater em Delfinópolis, também no Sul de Minas. “Os (preços) dos cereais flutuam ao sabor dos mercados. Quando melhoram, planta-se mais. Quando pioram, planta-se menos”, afirma. Em Delfinópolis, a experiência com o grão começou no fim da década de 1990, mas emplacou em 2004. A área plantada de soja no município aumentou 26% este ano em comparação com 2012. Hoje são 3,8 mil hectares, com colheita estimada de 11,4 mil toneladas e um valor de produção de R$ 10,3 milhões. A soja colhida é vendida para multinacionais como a Cargill e parte é exportada via Porto de Santos.

 

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