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Seleção de reprodutores suínos

Por outro lado, tão ou mais importante do que a escolha da raça, é a seleção dos reprodutores, que irão constituir a base da criação. Os reprodutores são animais de grande valor na criação comercial de suínos, fundamentalmente por representarem o material genético disponível para a produção de leitões e, por esta razão, cuidados especiais devem ser adotados por ocasião destes animais.

Aquisição dos animais

Para a aquisição de animais de valor zootécnico considerável, o criador deve empregar todos os seus conhecimentos adquiridos através da prática, de cursos, leituras e, principalmente, visitando outras criações, e conversando com criadores e profissionais (veterinários ou zootecnistas) do ramo.

Estes animais devem ser adquiridos de criações especializadas em produção de reprodutores, pertencentes a grandes empresas de melhoramento genético. Ou também de integrações, cooperativas, ou mesmo de criadores independentes, todas supervisionadas pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), através de suas filiadas estaduais.

Na escolha dos reprodutores devem ser considerados os seguintes fatores:

  • Bom estado sanitário;
  • precocidade elevada (crescimento rápido);
  • boa conformação;
  • boa prolificidade e produtividade e
  • poder assimilador desenvolvido, apresentando bom rendimento.

Sempre que possível, deve-se adquirir os reprodutores de criações idôneas, dando-se preferência aos animais novos, que irão terminar o seu desenvolvimento na nova criação. Desta forma, os animais se adaptam melhor e, através do contato contínuo com os mesmos, possibilita-se uma melhor apreciação de suas qualidades e defeitos.

Qualquer que seja o objetivo da criação, ou melhor, o tipo de exploração (criação de reprodutores, produção de carne, ou produção de banha e toucinho), é conveniente exigir que os animais apresentem saúde perfeita, que sejam capazes de procriar, e que não apresentem defeitos transmissíveis à descendência (filhos).

Seleção dos reprodutores

Existem diversas maneiras de selecionar os reprodutores:

  • pela genealogia;
  • pela conformação;
  • pelo desempenho e
  • pela progênie

Seleção pela genealogia

Esta consiste em diferenciar animais, através do nome dos seus ascendentes (pais), os quais são fornecidos pelo Serviço de Registro Genealógico e constam no Registro dos animais puros de origem.

Os reprodutores têm grande importância na criação comercial de suínos e, por isso, cuidados especiais devem ser adotados na hora de se adquirir estes animais.

Entretanto, se este instrumento auxiliar da seleção não vier acompanhado de dados de desempenho, não permitirá estimar a qualidade esperada dos animais selecionados.

Seleção pela conformação

Esta consiste em visualizar o exterior do animal, procurando-se encontrar indivíduos com qualidades desejáveis para a formação do plantel.

As características de conformação mais importantes e para as quais deve-se aplicar a seleção, são: aprumos, número de pares de tetas (fêmeas), aparelho genital (machos e fêmeas), harmonia das formas, e desenvolvimento correto das partes do corpo de maior interesse econômico.

Seleção pelo desempenho

Consiste na escolha de reprodutores com base nos dados de produção dos mesmos. Estes dados de produção são obtidos através de "Testes de Desempenho", realizados nas estações oficiais, podendo também serem realizados nas criações particulares.

Geralmente os testes são realizados dos 30 aos 100 kg de peso vivo dos animais, e são medidas as seguintes características:

  • Idade aos 100 kg de peso vivo;
  • ganho de peso;
  • conversão ou eficiência alimentar e
  • espessura de toucinho.

As três primeiras medidas são obtidas através da pesagem semanal dos animais e pela quantificação da ração consumida em cada período, enquanto a última é obtida no final do teste, com o uso de aparelho de ultra-som ou régua metálica, nos três pontos recomendados (paleta, lombo e garupa).

Seleção pela progênie

Consiste na avaliação do animal reprodutor, através do desempenho de seus filhos (descendentes).                                                                                                                                       A seleção, portanto, consiste em escolher para reprodutores, os animais cujos filhos apresentaram os melhores resultados nas características de interesse.

No caso do varrão, o ideal é adquirir um reprodutor registrado com "Teste de Desempenho" e, se possível, que tenha sido também submetido a um "Exame Andrológico". O "Exame Andrológico" indica a capacidade reprodutiva do varrão. Algumas empresas possuem condições de realizar este exame, quando solicitado, ou então, o criador que está adquirindo o animal poderá solicitar a um órgão oficial de pesquisa e/ou extensão, que tenha técnicos capacitados, para realizar este exame.

Qualidades que o varrão deve possuir

O varrão selecionado deve apresentar sinais de masculinidade, apresentando cabeça robusta, peito e pescoço bem cheios, e espáduas bem desenvolvidas. Deve ser um bom exemplar da sua raça e possuir todos os caracteres que se recomendam a um bom reprodutor, como por exemplo, um bom desenvolvimento dos órgãos genitais, os quais devem apresentar:

  • Tamanho adequado dos testículos e epidídimos;
  • integridade da pele (ausência de lesões e cicatrizes);
  • simetria, mobilidade e ausência de sensibilidade nos testículos;
  • prepúcio sem secreções e com mucosa íntegra;
  • pênis sem lesões, cicatrizes, aderências e malformações.

A idade do reprodutor não deve ser menor do que 8 meses, pois antes desta idade, o animal ainda não atingiu o seu completo desenvolvimento. A utilização precoce como reprodutor pode retardar o crescimento do animal e prejudicar a sua descendência.

Qualidades que a marrã deve possuir

A marrã selecionada deve apresentar boa conformação e perfeitos caracteres raciais. Deve ser nova (6 a 7 meses de idade), de temperamento tranquilo, e que apresente sinais de feminilidade, incluindo a observação quanto ao desenvolvimento adequado da vagina e da vulva. Também deve apresentar, pelo menos, 7 pares de tetas, bem dispostas e desenvolvidas, apresentando boas condições de funcionalidade.

Deve-se evitar marrãs que apresentem tendões fracos e garupa caída, o que em geral, produzem defeitos de aprumos nos membros posteriores. Não se recomenda a cobertura das marrãs antes dos 7 meses de idade, ou antes do segundo cio, pois serão prejudicadas quanto ao seu desenvolvimento e produzirão leitegadas pequenas e fracas.

Defeitos que desclassificam um animal na escolha dos reprodutores

  • Varrões roncolhos (criptorquidismo unilateral ou bilateral);
  • varrões que apresentem hipoplasia ou hiperplasia testicular (testículos muito pequenos ou muito grandes, respectivamente);
  • marrãs que apresentem vulva infantil ou qualquer outra anomalia dos órgãos genitais;
  • varrões e marrãs que apresentem problemas de aprumos, incluindo problemas de cascos;
  • animais velhos: os machos apresentam pouco vigor, enquanto as fêmeas apresentam fecundidade reduzida;
  • animais que apresentem desvio da coluna vertebral (escoliose, lordose ou xifose).

Sanidade

Ao adquirir animais (varrões ou marrãs) para reprodução, deve-se exigir que estes venham acompanhados de atestado veterinário negativo de Brucelose e Leptospirose, e atestado de vacinação contra Peste Suína Clássica.

Quarentena

Todo animal estranho a ser introduzido em uma criação deve ser submetido a uma quarentenha de, pelo menos, 28 dias em baia própria e isolada.

A quarentena tem como objetivos: adaptar o animal às condições sanitárias da criação onde será introduzido e evitar que novas doenças sejam introduzidas na criação.

Durante este período, o animal deve ser submetido a testes sanitários, a tratamento preventivo, a vermifugação, e a vacinação contra as doenças mais frequentes na região.

Conclusão

Com os altos custos da produção de suínos, cresce em importância a qualidade dos animais utilizados como reprodutores, devendo-se portanto, aproveitar aqueles que possuam o melhor potencial genético. Deste modo, pode-se objetivar melhores índices de produtividade e, consequentemente, maiores lucros.

Desta maneira, os métodos de seleção de reprodutores descritos são aplicáveis, tanto na formação quanto na reposição de plantéis de produção de reprodutores, bem como na formação e/ou reposição de plantéis que se destinam à produção de animais para abate, proporcionando, deste modo, alta produtividade ao criador e animais de alta qualidade para a indústria e o consumo.

O reprodutor suíno macho

A escolha dos animais para formar o plantel de uma granja de suínos representa uma tomada de decisão importante, pois grande parte do sucesso técnico e econômico da criação depende do nível genético dos reprodutores.

Importância do macho

O macho representa 50% do material genético do plantel de produção e pelo fato de servir aproximadamente 20 fêmeas na monta natural, sua importância individual na produção de suínos torna-se ainda maior. Por essa razão, a escolha do macho tem uma influência decisiva nos resultados econômicos da produção.

Reposição

O princípio do melhoramento genético praticado em granjas núcleo, fundamenta-se na seleção constante dos animais de raças puras. Incorpora-se, assim, a cada geração, melhorias nas características de importância econômica. Esses animais melhorados são repassados para as granjas de multiplicação que produzem os animais cruzados, agregando o vigor híbrido aos reprodutores que irão para os produtores de animais para o abate. Assim sendo, a reposição dos reprodutores constitui-se na maneira do produtor beneficiar-se constantemente das melhorias genéticas, o que resultará em ganhos econômicos na exploração da suinocultura.                         Os reprodutores machos devem ser repostos a uma taxa nunca inferior a 50% ao ano, o que equivale a utilizar os machos na reprodução por um período máximo de 2 anos.

Quando introduzir um novo macho

O produtor deve adquirir um novo macho com idade aproximada de 5 meses, no mínimo 3 meses de antecedência à previsão de uso no rebanho. Isto porque o macho deve passar por um período de adaptação ao novo ambiente, além do tempo necessário para atingir sua maturidade sexual e o devido treinamento para sua função reprodutiva dentro do plantel.

Atenção na compra

Inicialmente o produtor deve certificar-se de que a granja fornecedora do macho não tem problemas sanitários que impliquem em riscos para o seu rebanho. Vencida essa primeira etapa, observar os aprumos, certificando-se que o macho possui boa sustentação para realizar as coberturas. A decisão final para aquisição do macho, deve basear-se em informações sobre o ganho de peso diário, a espessura de toucinho e, se possível, a conversão alimentar e o percentual de carne na carcaça. Esses dados são importantes na escolha do futuro reprodutor, para garantir que a produção de suínos terminados atenda as necessidades da indústria e garanta um maior retorno econômico ao produtor.

Transporte do macho

Todo o cuidado é necessário na carga, no transporte e na descarga do macho, a fim de evitar estresse e escoriações. Alguns pontos importantes a serem observados:

  • O macho deve estar sem alimentação por um período mínimo de 3 horas antes do embarque;
  • usar um embarcadouro apropriado ou forma alternativa que não cause estresse ou traga riscos de acidente na carga e descarga do macho;
  • o veículo de transporte deve estar limpo e desinfetado, com cama de maravalha ou areia e dipor de uma cobertura que impeça a incidência direta dos raios solares sobre o animal;
  • alojar individualmente, para o transporte, machos que não foram criados juntos, evitando a ocorrência de brigas.

Cuidados na chegada da propriedade

O macho ao chegar em seu novo ambiente, deve ser alojado em uma baia limpa e desinfetada, confortável, com área mínima de 6m², acesso a água e separado dos outros animais da propriedade por um período mínimo de 4 semanas. O piso da baia não deve ser liso nem abrasivo e de preferência com cama de maravalha de forma a evitar danos aos aprumos. O produtor deve certificar-se dos cuidados sanitários que o macho recebeu na granja de origem, complementando, quando necessário, as vacinações praticadas na sua propriedade.

Início da reprodução

  1. O macho deve iniciar sua vida reprodutiva com no mínimo 7 meses de idade;
  2. Mesmo que o macho tenha idade suficiente para a reprodução, não deve ser utilizado nas 4 primeiras semanas após a introdução no rebanho;
  3. Manter o macho em baia ao lado de baias de fêmeas, de maneira a permitir o contato constante com as mesmas;
  4. Para a realização da primeira monta, utilizar uma fêmea que tenha aproximadamente o mesmo tamanho do macho e que fique imóvel na sua presença;
  5. Se não houver um local apropriado para monta, sempre levar a fêmea ao macho e não o contrário;
  6. Acompanhar de perto a monta, ajudando, se necessário, a introdução do pênis na vagina;
  7. Manter o ambiente calmo, sem barulho e o mais agradável possível para que o macho possa realizar a monta sem nenhum estresse;
  8. Não permitir que o macho monte pela frente da fêmea a fim de evitar acidente. Não insistir se após várias tentativas a monta não ocorrer;
  9. Usar somente tábuas de manejo para conduzir o macho.

Aprumos

Aprumos em boas condições são essenciais para que o macho possa realizar as cobrições com o tempo necessário para garantir grandes leitegadas. Portanto, qualquer problema de aprumos, principalmente nos posteriores, deve ser tratrado de imediato para que não se agrave e não comprometa o desempenho sexual do animal. Problemas de cascos podem ser minimizados com o uso preventivo de uma solução de formol a 10% em pedilúvio.

Manejo da alimentação

A alimentação deve ser fornecida diariamente, ao redor de 2 kg de ração divididos em duas refeições, observando para manter o macho bem nutrido, mas sem excesso de peso. Em épocas de trabalho mais intenso, a quantidade diária de ração pode ser aumentada, sempre levando em consideração a condição física do macho.

Manejo reprodutivo

Dos 7 aos 9 meses de idade, recomenda-se que o macho realize a cobrição de apenas um fêmea por semana. Após os 9 meses de idade, pode-se intensificar o uso do macho, porém nunca ultrapassando 10 cobrições em 14 dias o que equivale a servir 5 fêmeas em duas semanas com 2 cobrições cada.

A relação macho-fêmea no plantel deve ser 1:10. É importante manter uma proporção mais ou menos equivalente de machos adultos e jovens, a fim de poder servir sem problemas fêmeas de todas as idades.

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