A realidade do setor rural no Estado, com a crise que os produtores passam frente ao endividamento acumulado nos últimos três anos, foi o foco da reunião realizada na Federação de Agricultura e Pecuária de MS (FAMASUL), em Campo Grande (MS), na noite de ontem (21). O evento reuniu mais de 600 pessoas entre produtores rurais, presidentes e representantes dos Sindicatos Rurais, de entidades ligas ao setor e de parlamentares.
“Um evento que marca a história da luta dos produtores na reivindicação junto ao governo por uma política forte para o setor”, declara o presidente da FAMASUL, Ademar Silva Junior.
Na abertura do evento, o vice-presidente da instituição, Eduardo Riedel, falou sobre as dividas do setor rural. “As dívidas agrícolas no país eram de 53 bilhões, em 2002, e hoje ultrapassam os 80 bilhões. O sucesso na produção da safra desse ano não está sendo suficiente para saldar as dividas que foram acumuladas”, afirmou. Segundo Riedel, em Mato Grosso do Sul a divida está em 1,2 bilhão e a estimativa, até 2011, é um acumulado de mais 3,7 bilhões.
Para o relator da Subcomissão Permanente para tratar da Política Agrícola, Endividamento e Renda Rural, da Câmara Federal, o deputado federal Luis Carlos Heinze, a manifestação dos produtores é decisiva na luta com o governo. O deputado federal Homero Pereira, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO) concorda. “Todas as federações, sindicatos, toda a classe produtora deve pressionar o governo que precisa respeitar o setor produtivo”, aponta.
O presidente da Subcomissão, deputado federal Ronaldo Caiado, em seu discurso, diz que teme a falência do setor. “Estamos adiando nosso atestado de óbito ao alongar as dívidas”, critica. Uma das alternativas apontadas por Caiado é a criação de uma Agência Reguladora do Agronegócio, com uma câmara arbritral.
Para o produtor rural e delegado do Sindicato Rural de Amambaí, Cláudio Luiz Agostini, a dívida é impagável. “Não podemos trabalhar com os preços dos combustíveis que hoje representam 13% do nosso custeio e com as pautas fiscais dos produtos tão elevadas. É preciso redução da carga tributária de equipamentos, insumos, entre tantas outras medidas”, analisa.
Na reunião, estiveram presentes ainda o governador do Estado, André Puccinelli, o superintendente federal de Agricultura, Orlando Baez, o presidente da Acrissul, Laucídio Coelho, e os deputados federais que compõem a Subcomissão, Waldir Neves (vice-presidente), Waldemir Moka, Geraldo Resende e Dagoberto Nogueira, e os deputados estaduais, Reinaldo Azambuja, Zé Teixiera, Dione Hashioka, Marcio Fernandes, Rinaldo Modesto e Junior Mochi. Presidentes e representantes do Movimento Nacional dos Produtores (MNP), do Sicredi, da OCB/MS, da OAB/MS, da Ampasul, da Aprosoja e da Coopsema, além de prefeitos e delegados e presidentes de sindicatos rurais do Estado, também participaram da discussão.
Na tarde de ontem, a Subcomissão realizou reuniao sobre o tema em Cuiabá, Mato Grosso. “Os estudos que a FAMATO e FAMASUL realizam refletem, com mais transparencia, a problemática do endividamento”, analisou Luis Carlos Heinze.
