Notícias

Produtor sofre com volatilidade da moeda

O produtor é o que mais tem sofrido na cadeia produtiva de grãos do País nas últimas safras com a volatilidade do dólar, segundo o presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso). Isso porque o produtor tem dificuldade de repassar o aumento dos custos para o preço do produto. “O produtor rural é o que mais perde nessa cadeia, porque ele é a ponta. Todo mundo vai repassando custos e ele, que está na ponta, tem que ficar com esse custo”.

Grande parcela destes custos vem da compra de fertilizantes, cujo preço é cotado em dólar, como as commodities. “Os custos de fertilizantes subiram de 30% a 50%, em média, nestes últimos seis meses. Isso representa quase 40% do total da produção”, confirmou.

Para Prado, o problema maior não é o patamar nominal do dólar, mas a diferença entre a cotação da divisa no momento em que o produtor assume os custos e aquele em que ele vende a produção. “Perdemos muito com isso. Já estamos na terceira safra em que tomamos os custos com o dólar a um patamar mais alto do que no momento em que vendemos a produção”.

O dólar comercial caiu abaixo dos R$ 2 na semana passada e permance inferior a esse patamar.

Logística

A questão de logística é outro fator que tem impacto sobre os custos dos produtores rurais. Para o diretor da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes, o dólar baixo prejudica, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como os do Centro-Oeste do País.

Segundo ele, o custo do frete por tonelada de grãos produzidos nessa região chega a ser US$ 30 mais caro do que os praticados na Argentina – país vizinho ao Brasil e um dos principais concorrentes na produção de soja.

“Enquanto a distância média do frete brasileiro é de 1.000 a 1.100 quilômetros, na Argentina a distância percorrida é de 200 a 250 quilômetros. Somando o frete à desvalorização cambial, fica quase impossível produzir e ampliar essa produção”, explica Mendes.

A tendência, segundo Mendes, é que o produtor se previna com o câmbio. “Isso significa vender rápido a produção, uma vez que a tendência para o dólar continua sendo baixista”, afirmou.

Outra opção, na avaliação do diretor da Anec, seria segurar a produção, à espera dos resultados da safra norte-americana. “Com o aumento da produção de milho nos EUA voltada para o biocombustível, poderia haver uma demanda maior pela soja brasileira e um aumento de preços. No entanto, isso só ocorreria mais para frente e acredito que, nesse momento, o produtor está optando por minimizar seus prejuízos”, explicou.

Mendes afirmou ainda que uma queda nos juros ajudaria o produtor. “Se os juros caíssem mais rapidamente para um patamar mais realista, poderia haver uma minimização dos efeitos cambiais”, avaliou.

O presidente da Aprosoja-MT acrescentou que a situação está cada vez mais insustentável para o produtor e que o momento é de “muita cautela”.

Clique aqui para Comentar

Você precisa fazer o login para publicar um comentário. Logar

Deixe sua Resposta

Mais Lidas

Topo