Em agosto deste ano começa a operar a primeira indústria processadora de frango do Oeste baiano. A Mauricea Alimentos investiu R$ 60 milhões para construção em Luís Eduardo Magalhães de um complexo agroindustrial que vai produzir, em quatro anos, 6 milhões de frangos por mês, o triplo do instalado na matriz pernambucana. O volume significará quase dobrar o número atual de aves alojadas na Bahia, que é de 6,77 milhões, segundo a Associação de Avicultores do Estado. A tendência é que o Oeste da Bahia, região nordestina com a maior produção de soja e milho, torne-se o pólo avícola do Nordeste, desbancando Pernambuco.
Além da oferta de grãos, a localização geográfica do Oeste baiano também motivou a vinda da empresa para a Bahia, segundo seu diretor-administrativo, Marcondes Farias. “A logística é favorável à comercialização dentro do Nordeste, foco de atuação da empresa”, explica.
A estimativa é de obter uma economia de 20% no custo de produção na unidade baiana, em comparação com a de Pernambuco. Esse percentual está relacionado à diminuição dos gastos com frete no transporte da matéria-prima, segundo Farias. Isso porque a produção de milho em Pernambuco é inexpressiva 139 mil toneladas na 2006/07, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – condição que obriga a empresa a buscar em Goiás e na Bahia cerca de 70% das 80 mil toneladas anuais de milho que demanda no seu processo produtivo. O novo complexo vai demandar 210 mil toneladas de milho por ano e a intenção é que a produção baiana do grão atenda 100% da necessidade, diz o empresário.
A colheita de milho na Bahia estimada pela Conab é de 1,130 milhão de toneladas, quase o dobro da realizada na safra passada, de 686,7 milhão de toneladas. Além de aumento de 6% na área plantada, a Bahia terá um recorde de produtividade nesta safra, devido ao clima favorável. A Conab estima 2,7 mil quilos por hectare. 55% maior que os 1,7 mil quilos por hectare registrados na 2005/06.
Além de mais acessível, o milho baiano é diferente do encontrado em outros estados, segundo Farias. Ele explica que, como a maior parte de quem produz na Bahia tem apenas uma safra por ano, o grão fica mais tempo no campo, sob insolação, atingindo nível de secagem mais eficiente, com menos fungos na armazenagem, o que prejudica o desempenho de engorda da ave.
A intenção é destinar 40% da produção da unidade para exportação e outros 40%, ao mercado baiano, ainda não atendido pela empresa. “Representa 11% do consumo da Bahia, que estimamos ser de 20 milhões de unidades por ano”, completa. A empresa também pretende vender ao Sergipe, Piauí, Maranhão, Ceará e Brasília.
Os novos mercados externos, segundo o executivo, ainda estão sendo prospectados, mas ele acredita que no curto prazo – início de 2008 – iniciem as vendas aos Emirados Árabes, que consomem principalmente carcaça. A planta será polivalente, ou seja, estruturada para produzir também cortes para atender aos mercados asiático e europeu. Apesar de três vezes maior, a infra-estrutura do complexo na Bahia será semelhante à de Pernambuco: granja de matrizes (incubatório), fábrica de ração e o frigorífico.
Fabiana Batista Fonte: Gazeta Mercantil