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Milho é a cultura com maior margem

São Paulo, 24 de Janeiro de 2007 – Cultivo do grão nesta safra dará retorno de até 33,5% sobre o custo total da lavoura. Pela primeira vez, o milho vai ser a cultura com a maior rentabilidade no País na safra 2006/07. O produtor do cereal poderá ter uma margem líquida de até 33% com o cultivo do grão. Quem optou por arroz, no entanto, terá a menor rentabilidade: 3,5%. Levantamento exclusivo da Cogo Consultoria Agroeconômica feito para este jornal mostra que os paranaenses serão os produtores com melhor rentabilidade no País, independente da cultura plantada. E, ao mesmo tempo, o milho é “o produto da vez”, com maior lucro, independente da região. A “febre do etanol” nos Estados Unidos – que vão destinar 25% de sua safra para a produção do combustível – provocou uma super valorização do preço do grão, que desde setembro subiu 52,8% na Bolsa de Chicago (CBOT). O estudo considerou as quatro principais culturas brasileiras: algodão, arroz, milho e soja, que respondem por 93% da safra brasileira. “Teoricamente é mais negócio plantar milho com alta produtividade que soja”, diz Carlos Cogo, diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica. De acordo com o estudo da consultoria, o milho é a cultura mais rentável até mesmo em regiões tradicionalmente plantadoras de soja. No Paraná, a margem líquida é de 33,5%, a maior do País – considerando uma colheita de 6,5 toneladas por hectare, com custo de R$ 1.458 por hectare e preço médio de R$ 20 a saca. No Rio Grande do Sul, onde o cálculo foi feito para produtividades elevadas – 4,8 toneladas por hectare – a rentabilidade é de 21,2%, enquanto em Goiás a margem líquida chega a 22,2%. Para este cálculo, a empresa considerou um preço médio de R$ 19 a saca, muito próximo do praticado no Sul. “No momento em que o País se torna um player exportador, todos os preços internos sobem também”, avalia Cogo. Ele explica que o bom desempenho do milho é fruto da “febre do etanol nos Estados Unidos”, que vão elevar as exportações brasileiras. As estimativas são que o País comercialize com o exterior até 6 milhões de toneladas, ante às cerca de 4 milhões de toneladas do ano passado. “Tudo o que se agregar na safrinha vai para a exportação”, acredita. Para ele, o Brasil tem um potencial de colheita de até 13 milhões de toneladas de milho segunda safra. Segundo Cogo, enquanto o preço histórico do grão era de US$ 4 a saca, atualmente está em cerca de US$ 9 a saca. “O risco é o petróleo não subir mais e o etanol ficar desinteressante”, avisa. Seguindo o “boom” dos combustíveis, a soja – também com preços mais remuneradores – está com rentabilidade que varia de 32% a 6,6%, dependendo da região. A menor margem ocorre em Mato Grosso, devido à distância do porto, enquanto a maior é no Paraná. O consultor acrescenta que o estado é “disparado” o com melhor rentabilidade devido a uma série de fatores, como o uso de uma tecnologia mais uniforme, a maior proximidade dos portos, a grande quantidade de cooperativas e a menor inadimplência dos produtores locais. Os cálculos da Cogo Consultoria Agroeconômica para o algodão consideraram apenas o Centro-Oeste, com produtividades que variam de 170 a 280 arrobas (em caroço) por hectare. Dependendo da tecnologia empregada, a margem líquida fica entre 15,5% e 21,8%. O pior desempenho entre as principais culturas brasileiras é o do arroz – tanto no Sul quanto no Centro-Oeste brasileiro. A margem é de 3,5% para os gaúchos – que perdem muito devido ao arrendamento – e de 3,7% em Mato Grosso – para produtores com 4,5 toneladas por hectare.

Gazeta Mercantil
Autora: Neila Baldi

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