Agricultura

Milho: Depois da alta, a baixa

Depois de ocupar, no ano passado, o posto de maior exportador de milho do mundo, em consequência da quebra de safra nos Estados Unidos, o Brasil viu a produção do grão na safra atual ser ameaçada por questões climáticas. Porém, graças à aplicação da tecnologia no campo e à maior profissionalização dos agricultores, a primeira colheita pôde ser recuperada e os resultados foram positivos. Aliviados, os produtores podem celebrar com mais tranquilidade a 55ª edição da Festa Nacional do Milho (Fenamilho), que será realizada de quinta-feira a 2 de junho em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.

A Fenamilho vai ocorrer enquanto as últimas espigas são colhidas nas lavouras que tiveram condições para uma segunda safra. O plantio do milho no Brasil é feito duas épocas. A primeira safra, também chamada de safra de verão, é realizada em todos os estados durante o período chuvoso, que pode começar entre agosto e novembro. Já a segunda, ou safrinha, refere-se ao milho de sequeiro, plantado fora de época – geralmente de janeiro a março/abril –, mas em poucas regiões, já que as condições de clima são mais desfavoráveis.

Em Minas Gerais, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), a produção da safra 2012/2013 deve chegar a 7,418 milhões toneladas, 2,7% menor que a de 2011/2012. Desse total, 6,857 milhões de toneladas são referentes à safra de verão, plantada tardiamente devido o atraso na chegada da chuva. A safrinha, portanto, representa apenas 561 mil toneladas. “A produção de milho sofreu períodos de seca e outros de excesso de chuva. O período mais crítico foi o veranico em março, que causou uma certa perda produtiva, mas nada desastroso”, diz Pierre Vilela, coordenador da Assessoria Técnica da Faemg.

Já a área plantada foi de 1,22 milhão de hectares, 10 mil a menos na comparação com a do ano passado. “A área foi um pouco inferior à de 2011/2012 porque muitos produtores mudaram para a soja, que estava mais valorizada, e por isso mais rentável”, explica Pierre. Porém, a quebra de safra nos Estados Unidos no ano passado mudou o cenário mundial e fez do Brasil, que produz entre quatro e cinco vezes menos milho que o país norte-americano (70 mil toneladas, contra 300 mil toneladas), o maior exportador mundial do grão.

Isso afetou as decisões de plantio para este ano, mas as primeiras notícias da nova safra dos EUA dão indicativos de que a situação foi apenas temporária. “A expectativa é de que eles tenham uma supersafra este ano. Se isso se confirmar, a tendência é de que o comportamento dos preços mude ao longo do ano”, observa Pierre.

O agropecuarista e engenheiro-agrônomo Cláudio Consonomi, de Patos de Minas, afirma que a cotação de uma saca de 60kg de milho na região está em torno de R$ 21, próximo ao preço de custo. “Se algum produtor conseguir armazenar parte da produção ou puder assumir o risco de atrasar um pouco a colheita, pode tentar esperar para ver se o preço da saca sobe até uns R$ 23, R$ 24”, afirma.

De acordo com Cláudio, esta safra foi a que mais sofreu com o clima nas últimas duas décadas, mas com o respaldo da tecnologia foi possível evitar um desastre. “Foi um ano climático muito ruim, com calor intenso e falta de água na época da plantação e, mais para o fim, quando o milho já estava maduro, muita chuva, o que causa o apodrecimento da espiga. A expectativa era colher 200 sacas por hectare, mas devo terminar a temporada colhendo 170 sacas. Isso porque investi em adubos e defensivos modernos. Se fosse há 15 anos, os resultados seriam muito piores.” Cláudio conta que ainda está colhendo a última parte da safra, mas já está comprando sementes para a temporada 2013/2014, em busca dos melhores híbridos e preços mais em conta. “Essa pesquisa é importante, por isso feiras como a Fenamilho são relevantes. É uma oportunidade de encontrar regionalmente a melhor tecnologia exposta, com boas condições de negociação.”

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