Introduzir reprodutores da raça pardo suíça no rebanho de matrizes zebuínas, pode aumentar em 100% a produção de leite no Cerrado. A nova tecnologia, em teste na Embrapa Cerrados, tem custos relativamente baixos e permitirá que os animais meio sangue, de dupla aptidão (leite e carne), se adotados os manejos corretos, produzam 10 litros diários, totalmente a pasto, quando a média, na região, é inferior a quatro litros por dia.
Além de possibilitar o aumento da produção leiteira, essa tecnologia terá a vantagem de permitir o abate do boi de corte com 15 arrobas aos 30 meses, quando criado a pasto; e aos 21 meses, no caso de ser confinado, o que representa um ganho expressivo em relação ao zebu que, aos 21 meses de confinamento, atinge 13 arrobas.
Expectativa de resultados
Embora as conclusões do experimento ainda não sejam definidas, é grande a expectativa de sucesso entre os pesquisadores. Experiências semelhantes, envolvendo o cruzamento de touros das raças holandesa e simental com vacas zebu alcançaram estes índices, o que permite inferir que as filhas de pardo suíço e zebu atinjam os mesmos resultados.
Nessas pesquisas, cujos resultados hoje já são adotados pelos produtores da região, as vacas meio sangue, filhas de vacas azebuadas com touro PO (puro de origem) holandês ou simental, produzem 10 litros por dia, inclusive durante a época da seca, quando, embora a pasto, a alimentação deve ser complementada pela mistura de cana e uréia. Segundo os pesquisadores, essa produtividade pode chegar a 14 kg/vaca/dia, na medida em que se fizer um melhoramento genético das mães, dando mais sangue guzerá leiteiro puro ou gir puro às vacas azebuadas.
Quanto às diferenças de resultados entre as filhas de touro holandês e às de simental, a pesquisa constatou que a vaca meio sangue filha de holandês tem uma produção superior de dois a quatro litros diários. Mas para os meio sangue machos, destinados ao corte, os filhos de simental levam vantagem: o rendimento de carcaça é de 60%, comparado com um rendimento de 53% no cruzamento com o holandês. De qualquer forma, ambos são superiores aos zebuínos, cujo rendimento varia entre 50% a 53%.
No que diz respeito aos custos para o produtor, os cálculos da Embrapa Cerrados indicam uma variação entre US$ 0,15 a US$ 0,25 por litro de leite neste sistema, enquanto no de confinamento, com ração concentrada e silagem de milho, é de US$ 0,33 o litro.
Desde 1985, a Embrapa Cerrados vem trabalhando para desenvolver tecnologias adequadas à exploração de sistemas de dupla aptidão, capazes de promover o incremento da receita líquida da propriedade mediante o aumento da produção de leite e a melhoria das condições de criação. Para isso, os pesquisadores têm investido em duas estratégias: adoção de tecnologia de utilização e manejo racional do recurso forrageiro e introdução, no rebanho de matrizes zebuínas, de reprodutores de raças holandesa e simental, acrescida agora de pardo suíça, todas "melhoradoras" tanto para leite como para carne.