Ao analisarmos o aspecto fisiológico, observamos que é através da extração do leite que se obtém uma melhor performance do aparelho mamário uma vez que, com a retirada do leite, as células secretoras estão aptas para iniciar novamente o processo de secreção e, desta forma, haverá uma manutenção da integridade celular, bem como uma secreção hormonal harmoniosa. Do ponto do vista econômico, a ordenha demanda aproximadamente 60-80% de mão-de-obra necessária nos serviços de estábulo, tornando-se, assim, indispensável à maximização de sua eficiência para obtenção de um rendimento adequado na exploração leiteira.
Sendo assim, um correto manejo de ordenha torna-se indispensável a fim de prevenir ou controlar uma das principais doenças de rebanhos leiteiros caprinos, a mastite. Medidas básicas de higiene no momento da ordenha, como também uma seqüência de ações corretas com relação ao modo de ordenhar já seriam suficientes para que casos de mastite, tanto de ordem clínica como subclínica, fossem amenizados.
Um protocolo também bastante utilizado e que pode auxiliar no controle da mastite é chamado linha ou seqüência de ordenha, no qual a ordenha inicia-se pelos animais de primeira lactação, depois, cabras adultas que não estão manifestando sinais de mastite, a seguir fêmeas que apresentaram mastite, mas já foram tratados e não apresentaram sintomas e finalmente, animais em tratamento, do caso menos grave para o mais grave, sendo desprezado o leite obtido desta última categoria animal.
Estabelecida a linha de ordenha, faz-se necessário o uso de um conjunto de práticas, tais como: teste da caneca telada ou de fundo preto; limpeza correta dos tetos e se necessário o uso de água corrente de baixa pressão; solução desinfetante iodadas a 0,25 a 1% ou à base de Hipoclorito de sódio a 1 : 1000 para a pré e pós desinfecção dos tetos; a secagem dos tetos com toalhas de papel.
O teste da caneca telada ou de fundo preto, é um teste onde os primeiros jatos de leite são colocados em uma caneca de fundo escuro e observados a presença de grumos ou pus que poderá ser um indicativo de mastite clínica, esse teste também tem importância, pois ao tocar nos tetos do animal, a pessoa estará ajudando a estimular a descida do leite. Outro aspecto importante é que ao retirar os primeiros jatos de leite, remove-se uma grande carga microbiana que encontra-se acumulada na ponta do teto.
Uma outra prática é a limpeza correta dos tetos com água corrente de baixa pressão ou solução desinfetante iodada seguido da secagem dos tetos do animal com toalhas de papel, lembrando que o uso da água corrente só deve acontecer em caso de extrema necessidade como quando os animais chegam à sala de ordenha sujos de esterco ou barro. Concluído a parte de higienização do úbere do animal segue-se então para a etapa da colocação correta das teteiras, e quando faz-se o uso de ordenha mecânica devem ser colocadas no mínimo entre 30 segundos a 1 minuto após a retirada dos primeiros jatos para que o pico do hormônio ocitocina, um dos responsáveis pela liberação do leite, seja totalmente aproveitado. Outro ponto importante com relação ao manejo da teteiras é que estas devem ser colocadas permitindo-se a menor entrada de ar possível, o que pode ser obtido abrindo-se o registro de vácuo somente quando estiver com o conjunto de teteiras localizado embaixo das tetas do animal.
No processo de ordenha manual inicia-se o trabalho logo após a higienização do úbere do animal. Logo que o fluxo de leite cesse, deve ser feita a retirada das teteiras, em caso de ordenha mecânica, seguindo da imersão dos tetos em solução desinfetante iodada a 0,25 a 1% ou à base de Hipoclorito de sódio a 1:1000. A prática de pós desinfecção dos tetos é válida tanto para ordenha manual como para mecânica pois é através desse procedimento que há um controle de novas infecções intramamárias, uma vez que a glicerina atua formando uma espécie de tampão do final do teto, barreira que impedirá a passagem dos microrganismos do meio ambiente para o interior dos tetos.
A todos esses procedimentos podemos nominar de rotina de ordenha.
A higiene pessoal do ordenhador também é de suma importância para a obtenção de leite de qualidade e para sanidade do úbere animal. É essencial que o ordenhador mantenha suas unhas e cabelos (protegidos por uma touca) limpos e cortados, barba feita, uniforme limpo e apropriado e que utilize-se de botas plásticas. O ambiente da ordenha deve ser o mais higiênico e tranqüilo possível, sendo lavado antes e após as ordenhas, não esquecendo que todos os utensílios como baldes, latões, mangueiras, copos coletores, peneiras, enfim todo material usado na ordenha deve ser devidamente lavado, diariamente, logo após cada ordenha com detergentes alcalino e água a 70ºC (para remoção principalmente das gorduras), detergente alcalino clorado e água 70ºC (para remoção de proteínas e minerais) seguidos do enxágüe ácido para neutralizar resíduos, prevenir depósitos e manchas e inibir o crescimento bacteriano através da redução do ph.
Se todos os cuidados e práticas de higiene forem seguidos, o resultado final de todo esse processo será a obtenção de um alimento mais saudável vindo de animais sadios, visando prioritariamente a segurança alimentar.