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Manejo de Aquecimento X Custos de Produção de Frangos de Corte

O pleno sucesso na criação de frangos de corte, com obtenção de resultados técnicos e econômicos positivos, está relacionado à inúmeros fatores interrelacionados, tais como: manejo, nutrição, sanidade ou mesmo ambientais. Neste contexto, com a proximidade do período de inverno (caracterizado por redução na temperatura média e do fotoperíodo), a manutenção da temperatura dos galpões de criação dentro da faixa de conforto das aves nos primeiros dias de vida torna-se um dos objetivos mais importantes a serem alcançados.

Na maioria da regiões, para que a temperatura dos galpões nos meses frios esteja na faixa de conforto nas 2 primeiras semanas de idade, faz-se necessário aquecer artificialmente os mesmos, de forma que as aves tenham um bom desenvolvimento corporal, de órgãos e de tecidos vitais. Lotes com bom desempenho e uniformes (ausência de pintos refugos) ao fim da segunda semana de vida, serão candidatos preferenciais a terem bons resultados econômicos e zootécnicos no final da criação.

Entretanto, numa avicultura extremamente competitiva como a atual, toda prática que gere aumento de custos deverá ser melhor entendida, planejada e mesmo re-estudada, tendo sempre como meta o melhor retorno financeiro para a atividade, através da redução dos custos de produção.

Os gastos com aquecimento por quilo de carne produzido é extremamente variável, pois inúmeros são os fatores que o influenciam. Entre eles temos: peso médio de venda das aves, época do ano (inverno ou verão), microclima, posicionamento e condições dos galpões, altitude e latitude do local de criação, tipo de matriz energética empregada (gás ou lenha), etc.

Na maioria das regiões produtoras de frango do país a queima do GLP, por sua segurança e praticidade, tem sido a fonte de calor mais empregada no aquecimento durante os primeiros dias de criação. Para o Estado do Espírito Santo, nas condições atuais de preço, o gasto com GLP para aquecimento dos galpões no inverno, gira em torno de R$ 0,11 a 0,14 por ave alojada, tornando-o uma importante matéria-prima para o cálculo do custo final de produção.

Entretanto, com a nova política de preços adotada pelo governo para os derivados de petróleo, o GLP vem sofrendo constantes aumentos reais de preço que, somado à crise por que passa o setor de criação de frangos atualmente, tem preocupado cada vez mais os avicultores.

Uma dúvida que surge é: Como posso reduzir os custos com aquecimento sem comprometer o desenvolvimento das aves?

Algumas medidas simples, muitas vezes negligenciadas por todos nós, podem contribuir não só na melhoraria do desempenho zootécnico dos lotes no inverno que se aproxima, como também, reduzir os gastos com aquecimento das aves. Entre elas temos:

1. Manter todas as cortinas em bom estado de conservação, consertando possíveis furos provocados por ratos e/ou pelo uso contínuo. Desta forma o gasto energético tende a ser menor, uma vez que não temos correntes de ar frio no interior das estruturas. No caso de cortinas automáticas o uso de bandores fixos na parte superior das laterais corrige de forma satisfatória falhas no fechamento junto as telhas do galpão.

2. Uso de sobrecortinas – é uma medida de manejo extremamente simples e eficaz, que auxilia o isolamento do galpão das condições climáticas externas desfavoráveis, evitando-se correntes de vento e reduzindo a área interna a ser aquecida, pela formação de túneis dentro da estrutura.

3. Forração dos galpões – em regiões muito frias e/ou com grandes amplitudes térmicas o uso do forro tem se tornado uma medida altamente eficiente na manutenção da temperatura e na redução dos gastos com aquecimento. O forro não só reduz a área total a ser aquecida, como evita que o ar mais quente suba em direção ao telhado, com perdas de calor por condução e irradiação. No verão ele irá isolar as aves do calor irradiado pelo telhado, melhorando sensivelmente o ambiente interno.

4. Construção de casulos – nos casos que o uso do forro se tornar impraticável (Ex.: uso de comedouros tubulares), a construção de casulos ou barracas, feitos com material empregado nas cortinas, no interior das estruturas de criação será uma medida extremamente eficaz no controle da temperatura e dos gastos com aquecimento. Com eles, todas as características citadas anteriormente como redução da área a ser aquecida, menor fuga do calor para o telhado, isolamento contra correntes de ar frio, etc., serão conseguidas.

5. Tanques de GLP a granel – para os casos em que a fonte de energia utilizada for o gás, abastecido por botijas P13, a substituição das mesmas por tanques a granel, realizadas no sistema de comodato pelas companhias (sem onerar o produtor), tem se tornado uma forma de tentar reduzir as perdas, uma vez que a queima do gás contido nas botijas P13 nem sempre é total, quando da troca das mesmas. Por não haver circulação destes vasilhames entre diferentes granjas e criadores, uma outra vantagem é o menor risco sanitário (tomando-se cuidados com os caminhões de abastecimento). Contudo, para que esta medida traga benefícios, o preço do gás a granel praticado pela companhia que detém o monopólio sobre o seu fornecimento, tem que ser compensador.

6. Posicionamento e estado de conservação das campânulas – campânulas mal conservadas, onde a queima do gás é feita de forma incompleta (presença de chama e fuligem) são uma das maiores causas de desperdício numa criação. Para que o equipamento possa atender as exigências de modo pleno, gerando um máximo de calor num menor consumo, manutenções periódicas destas peças deverão ser estabelecidas e cumpridas a risca. Uma outra forma comum de perda de eficiência se refere a campânulas mal posicionadas nos círculos de proteção (muito próximas as folhas contenção), impedindo que todo o calor gerado possa ser aproveitado pelas aves.

7. Aquecedores de ar a lenha – uma alternativa de economia que tem sido amplamente empregada em algumas regiões é a troca das campânulas a gás por aquecedores de ar movidos a lenha, o que segundo alguns estudos, poderia ser de 70 a 80% do total gasto com GLP. Para que não ocorra perdas na qualidade do aquecimento, as recomendações nestes casos, são que o volume de ar a ser aquecido seja reduzido com uso do forro e a criação das aves em uma parte do galpão (pinteiro) isolado por cortinas internas, o que gera inconvenientes no processo de abertura dos círculos de proteção com o avanço da idade. É interessante destacar que estes valores de economia citados irão variar de região para região, devendo ser bastante estudado pelo criador antes da sua implantação.

Dentre os fatores que devem ser considerados estão: custo inicial do equipamento, custo e disponibilidade desta lenha, armazenamento e transporte da madeira para os galpões, custo da mão-de-obra envolvida no abastecimento e manutenção do aquecimento principalmente durante o período noturno. É esperado, que a implementação das medidas citadas, de forma isolada ou em conjunto, trará bons resultados no processo de redução de custos com o aquecimento, sem ocasionar perdas de desempenho das aves.

Entretanto, em locais em que temos mudanças bruscas de temperatura (principalmente da noite para o dia), devido ao maior isolamento térmico proporcionado por algumas destas medidas (ex.: casulo, sobrecortina, etc.), uma maior atenção deverá ser tomada por parte das pessoas envolvidas no manejo diário da granja, evitando aumentos de temperatura acima da faixa de conforto das aves. Estes quadros momentâneos de hipertermia podem levar a grandes perdas por:

• Aumento da taxa metabólica e da conversão alimentar;
• Redução no consumo de ração e na taxa de crescimento;
• Desidratação;
• Estimulo a muda sazonal das penas, com perda precoce é irreversível das plúmulas. A piora no desempenho inicial se dará pela menor capacidade da ave de suportar as oscilações térmicas que virão com queda da temperatura noturna;
• Morte.

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