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Linfadenite Caseosa – recomendações e medidas profiláticas

O Nordeste é a região brasileira onde observa-se a maior frequência deste enfermidade, devido à grande concentração destes pequenos ruminantes, da vegetação contendo espinhos e da falta de orientação adequada aos criadores de caprinos e ovinos, quanto à sanidade de seu rebanho. Estes fatores são de grande relevância na transmissão e disseminação desta patogenia. Para a caprino-ovinocultura nacional trata-se de um sério problema, com perdas econômicas evidenciadas através da diminuição de produção de leite, da desvalorização da pele devido às cicatrizes, ao custo das drogas e da mão de obra para tratar os abscessos superficiais. As perdas na produção são observadas quando o linfonodo afetado está localizado em áreas específicas (mandíbula, região crural, úbere), diminuindo as atividades normais do animal, como a mastigação, a locomoção no pasto, a procura de alimentos e a lactação. Na forma visceral, a doença atinge órgãos o que resulta no emagrecimento, na condenação de carcaças e na morte do animal.

Transmissão

A disseminação do agente etiológico desta doença no meio ambiente deve-se a rutura dos abscessos, cujo material segregado contém um elevado número de organismos viáveis, a habilidade desta bactéria sobreviver no solo por um período longo confirma a presença constante deste agente nos criatórios. A sobrevivência e a persistência do microrganismo em relação ao tempo em diferentes objetos, são as seguintes:

  • animal: sem limite;
  • madeira: 1 semana
  • palha: 3 semanas
  • forragem (feno): 8 semanas
  • solo: 8 meses

Outros fatores, como concentração de animais, ferimentos na pele e umidade, concorrem altamente para a transmissão da doença. Quando um animal infectado é introduzido num rebanho livre da doença, dentro de dois a três anos ocorre uma alta incidência do aparecimento de abscessos em todo rebanho.

Os métodos principais de propagação desta doença entre uma propriedade e outra são: a introdução de animais infectados e os equipamentos contaminados (tatuadores, brincadores, etc). Enquanto que, os métodos essenciais de disseminação entre os animais são: a tosquia, na tatuagem, a marcação, na castração, no corte de cauda, na vacinação e contato entre o material purulento dos animais e instalação.

Medidas Profiláticas

Ainda não existe definição quanto ao tipo e à eficiência das vacinas existentes, portanto recomenda-se, como medida profilática, a incisão cirúrgica dos abscessos periféricos antes que se rompam espontaneamente. Uma vacina viva atenuada foi desenvolvida pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, mostrando uma eficiência de 83,33% na prevenção do aparecimento de abscessos superficiais, em caprinos vacinados aos 3 meses e acompanhados por um período de 8 meses. Outro tipo de vacina utilizado é o toxóide a 3%, que conseguiu conter a disseminação do agente infectivo a outras partes do corpo do animal, mostrando resultados promissores. Devido ao período longo de incubação desta doença e à ausência de lesões visíveis à formação dos abscessos, é difícil distinguir clinicamente os animais infectados dos não infectados.

Geralmente, o tratamento com antibióticos não é recomendável economicamente, porque esta terapia demora semanas ou até meses. Além do mais, é quase impossível erradicar esta doença com este tratamento, pois os antibióticos não penetrarem na cápsula dos abscessos. O controle deve ser realizado através de medidas imunoprofiláticas. Para isto, todos os esforços devem ser feitos no sentido de se eliminarem ou reduzir as fontes de infecção e/ou propagação da doença nos rebanhos.

Diagnóstico

No animal vivo ou na carcaça, os métodos utilizáveis para o diagnóstico da doença são:

  • Realizar exame clínico de palpação dos linfonodos superficiais para verificar se estão aumentados
  • aspirar o material do(s) abscesso(s) para cultura (isolamento e identificação do agente);
  • realizar teste sorológico: teste de Inibição da Hemólise Sinérgica (IHS) e ELISA
  • nas carcaças, deve-se realizar o exame pós-mortem para verificar a presença de abscessos nos linfonodos internos e órgãos, como fígado, pulmão, etc.

Sintomas e causas que confundem no diagnóstico da LC na forma superficial e visceral

Forma superficial

  • Abscessos causados por Actinomyces pyogenes; Stafilococcus aureus
  • Edema submandibular (Fascíola hepática e Hemoncose)
  • Cisto salivar
  • Linfosarcoma; outros tumores
  • Inoculação subcutânea de vacinas

Forma Visceral

  • Subnutrição; Parasitismo
  • Doença de Jojnes”s
  • Scrapie
  • Adenomatose pulmonar
  • Pasteurelose
  • Neoplasia
  • Paratuberculosis

Recomendações

Diante das medidas profiláticas existentes deve-se seguir rotineiramente as recomendações seguintes:

  • Fazer inspeção periódica do rebanho;
  • eliminar na medida do possível, os animais com abscessos;
  • tratar os abscessos, não deixando que se rompam espontaneamente pois o pús constitui foco ativo de infecção; tratar e desinfetar o umbigo dos animais recém-nascidos e/ou qualquer tipo de ferimento superficial com solução de iodo a 10%.

Não é recomendável a prática de injetar solução de formol a 10% nos abscessos aumentados (visíveis, pois este reagente é irritante/cáustico aos tecidos (pele, mucosas e pulmões). A solução de formol com a concentração de 1 a 10% é empregada como desinfetante de superfícies, pois possui propriedade potente contra todos os organismos, inclusive esporos. O uso da solução de formol em animais para consumo humano também não é recomendado devido ao efeito residual acumulativo do produto, causando toxidez nos tecidos dos animais, o que poderá acarretar transtornos. A utilização de formol em animais nos EUA é proibido porque é cangerígeno.

Procedimentos na abertura de abscessos

Materiais a serem utilizados:

  1. Algodão hidrófilo, gaze;
  2. papel toalha, jornal;
  3. água e sabão;
  4. aparelho e lâmina para tricotomia (raspagem dos pêlos);
  5. álcool;
  6. solução de iodo a 10%;
  7. repelente (mata bicheira);
  8. pinça e/ou qualquer instrumento de madeira (20 cm de comprimento por 1,5 cm de diâmetro);
  9. bisturi com lâmina (poderá ser utilizado qualquer instrumento cortante).

OBS: Todos os instrumentos deverão estar desinfetados em água fervente ou álcool.

Procedimento

Isolar os animais com abscesso;
Fazer a abertura dos abscessos fora do aprisco, em lugar próprio que permita boa desinfecção e destruição da massa purulenta.

Seguir os seguintes passos:

  • Preparar a região fazendo raspagem dos pêlos (tricotomia);
  • Fazer assepsia da área com solução de álcool iodado (iodo 10% e álcool a 70%);
  • incisão vertical longa, na região mediana ao bordo inferior do abscesso, para facilitar a drenagem e limpeza interna do mesmo;
  • papel toalha, pressionar para retirada de todo material, tendo o cuidado para conservá-lo em saco plástico ou balde;
  • Retirar todo o material purulento, usando gaze ou algodão enrolado em uma pinça ou instrumento de madeira (ver material acima);
  • Aplicar solução de iodo a 10% interna e externamente;
  • Embeber uma gaze com a mesma solução de iodo e deixar dentro do local incisado (servirá como dreno), prevenindo a disseminação e a contaminação do meio ambiente. A gaze irá ajudar a absorver o material infectivo restante e a prevenir contra miíase (bicheira);
  • Aplicar "spray" repelente, se necessário;
  • Isolar o animal em uma área própria e retiar a gaze (dreno) em 24 horas;
  • Repetir os procedimentos dos itens f, g, h durante dois dias;
  • Queimar e enterrar o material purulento;
  • Desinfetar os instrumentos em álcool por imersão e flambar, ou em água fervente, ao final de cada procedimento;

Os instrumentos que forem utilizados para a abertura dos abscessos deverão ser usados somente para este propósito.

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