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Instalação de um curral de engorda

NORMAS A SEGUIR

1.    É necessário escolher lugares altos com desnível adequado para o escorrimento da água, já que o barro impede aos animais o trânsito normal até os comedouros. Ademais, ao encontrar-se em ambiente úmido e frio, os animais se estressam por se encontrarem abaixo de seu estado ótimo de conforto.

2.    A sombra é importante, sobretudo no verão, contudo não se recomenda árvores dentro do curral, pois perecerão pela acumulação de dejetos; inclusive também é freqüente que os animais comam as cascas, quando estão submetidas a dietas com escassa percentagem de fibra em sua alimentação.

3.    Não é recomendável cobrir com telhado os comedouros, pois o gado tende permanecer na sombra ou protegido pelo telhado, formando verdadeiro pântano no local. Para proteger os comedouros da chuva, a cobertura deverá ser instalado de maneira que não se faça sombra aproveitável pelos animais.

4.    Os comedouros devem ser localizados  de forma que se tenha acesso fácil e contínuo pelos veículos encarregados da distribuição dos alimentos. É recomendável que se localizem sobre a rua de circulação do carro misturador, que é independentes da rua destinada ao tânsito do gado.

5.    O tamanho dos comedouros deverá ter 0,5 m de frente por  animal grande ou 0,4 m se forem terneiros, novilhos ou novilhas com menos de um ano.

6.    Suas dimensões devem permitir que todos os animais tenham acesso simultâneo ao comedouro, para evitar dominâncias.

7.    É conveniente colocar um cabo, madeiras ou  arames farpados, acima do comedouro, aproximadamente a 0,5 ou 0,6 m de altura, para evitar que os animais subam nos comedouros.

8.    É importante que os comedouros estejam elevados do solo uns 0,4 m ou 0,5 m  para evitar sua deterioração no caso de serem de madeira ou metal.

9.    Se contarmos com comedouros automáticos, onde o alimento cai a medida que se consome, necessitamos menor espaço por animal, aproximadamente 0,3 m.

10.    É aconselhável contar com água de fonte de fácil acesso e boa qualidade e de fornecimento constante. Não é necessário que haja um bebedouro por curral, pois podem ser localizados junto as cercas divisórias. A água deve renovar-se permanentemente, o que se consegue com bebedouros de tamanho normal, desde que a canalização de fornecimento tenha um diâmetro adequado.

11.    A área dos currais deverá ser de 20 a 25 m2/animal, de acordo com o tipo de solo e o regime de chuvas local.

12.    Dentro do possível, os currais devem suportar mais de cinqüenta ou sessenta animais de mesmo tamanho. Isto evitará aglomerações e será seguro no caso de aparecimento de enfermidades no estabelecimento. O número de animais debería ser o múltiplo de tropas da categoria de animais que ali se encontrem, para retirar os lotes com uma terminação uniforme e simultânea.

13.    Convém dividir os animais por sexo e tamanho para evitar montas e predomínio de uns sobre outros.

14.    Se fornecermos rolos ou fardos de feno, convém dispor de vários deles por vez, a razão de um  a cada vinte a vinte e cinco animais para permitir acesso simultâneo. A ração deve ser ministrada misturada para evitar que o consumo do feno dilua o fornecimento de concentrado.

15.    É conveniente o grão quebrado, o que é dispensável no caso dos sorgos, pela camada externa com alto conteúdo de tanino que comumente apresentam.

16.    Uma vez definidos os horários de fornecimento da ração, é fundamental não mudá-los, pois os animais respondem muito bem as rotinas estabelecidas: estar esperando o fornecimento de ração, pode provocar picos de acidose.

17.    No caso de alteração de dieta, é aconselhável fazê-lo gradualmente e num período menor que 5 dias.

18.    Ao se fornecer grãos aos animais que também pastoreiam forragem verde, não esquecer que ao meio dia é quando as pastagens apresentam o pico de hidratos de carbono que provocam acidez ruminal. Nesta situação, será conveniente que os grãos sejam fornecidos a tarde para evitar que  tal acidez se sobreponha com a provocada pela ingestão de pastagens.

A acidose subclínica pode ser diagnosticada por um consumo baixo ou irregular, salivação excessiva  e diarréias. Nem sempre se observa com facilidade, e o pior é que o produtor crê que está tudo bem.

ALIMENTAÇÃO A CURRAL

A boa relação grão/carne que se observa na atualidade, tem levado a numerosos produtores a fechar animais  em currais e alimentá-los com concentrados energéticos. Dentro do custo de produção na exploração de bovinos de carne em forma extensiva, a alimentação mobiliza a maior parte dos recursos. Por isso,  o uso correto de ingredientes, a adequada combinação e o manejo dos alimentos, condiciona o êxito do plantel. Os erros de cálculo das rações e o fornecimento inadequado nas diferentes etapas de crescimento tendem a limitar a produtividade.

Os grãos fermentados produzem ácidos que podem gerar ulcerações que dificultam o funcionamento normal.

Antes dos animais serem introduzidos nos currais de engorda, é necessário que descansem  e tomem água suficiente, para logo levar adiante o plano sanitário. O stress

que se produz nos animais recém chegados a um sistema de confinamento, pode ser altamente prejudicial.

A categoria de animais que mais sofre, é a do terneiro, já que está recém desmamado e ainda não acostumado aos currais (cimento, bebedouros, cercas, comedouros), ou alimentos do confinamento ( grãos, feno e subprodutos agrícolas), somado ao fato de que se viajarem centenas de quilômetros, são submetidos mudanças de temperatura, chuvas e altitude.

Durante vinte e oito dias, este stress se manifesta de forma intensiva, contudo os efeitos perduram durante todo o período de engorda.

Os novilhos de dois anos tem um nível de stress baixo ou médio, que se agrava quando estão associados a outros grupos durante o arreio, venda ou transporte ao curral de engorda.

Os comedouros devem ter uma boa quantidade de feno, como rolos ou fardos  reduzidos para ir acostumando o animal ao lugar em que logo terão seu alimento.

A quantidade de feno que será fornecida, deve ser limitada para evitar efeitos negativos na digestão que restrinjam  o consumo posterior. Dois a três dias após, os animais estão aptos a serem submetidos ao plano sanitário.

Ao alimentá-los com uma grande quantidade de grãos, observa-se que os animais hinchan com diarréias que podem levá-los a morte (acidose clínica); mesmo assim há casos com distúrbios nutricionais que não se manifestam tão significativamente e que sem dúvida serão deficientes, apesar de que, aparentemente gozem de boa saúde(acidose clínica). Recomenda-se logo ir diminuindo a quantidade de feno e aumentar a de grãos (concentrados) até 87-90% de feno e uns 10-13% de feno. O importante é compreender que fornecer muito rápido grande quantidade de grão, não agiliza a engorda, o que pode acontecer, é prejudicar o rúmen, como mencionado anteriormente.

Nos primeiros dias de confinamento, é importante observar os comedouros  para evitar a acidose severa e fornecer o alimento no momento exato, antes que comecem a sentir fome. Nunca se deve mudar bruscamente a dieta e será preferível não aumentar a quantidade de grão se houver quadros de diarréia severa a medida que se reduza a percentagem de feno.

Após uns vinte dias da entrada dos animais  no curral, se os  procedimentos foram corretos, estes estarão adaptados e a fibra se limitará ao mínimo indispensável. Utiliza-se também na ração,  misturas de vitaminas e minerais que ajudam a completar a dieta, assim como promotores de crescimento, entre os quais a monensina ou o lasalocid sódico são os mais comuns. Como energia, utiliza-se geralmente milho ou sorgo, que devem ser acrescidos com uma fonte de proteína de qualidade, principalmente em animais jovens ( não é o mesmo uma proteína fornecida pela farinha de soja, de girassol ou de algodão).

CONSUMO
Conseguir altos consumos logo na etapa de adaptação, passa a ser um grande desafio. Existe um gasto energético de manutenção dos animais e este é o mesmo para uma engorda de 0,5 ou de 1,5kg/dia. Um consumo normal para um alimento que tenha10 a 12% de água, deve ser  no mínimo de 3% do peso vivo/dia e pode chegar a 3,5% do peso.

Uma vez acostumados, o alimento deve estar nos comedouros para que o animal coma a vontade, o que não é recomendável  deixá-los muito cheios. No caso de esvaziamento, deve-se iniciar o enchimento por aqueles que tenham  sinais de lambido.

Nos dias frios, convém fornecer 60-70% do total da ração diária no período matutino, e o resto a tarde. No caso de calor, deve-se dar maior quantidade a tarde, para que comam quando está fresco na manhã seguinte.

Os fatores que influem negativamente no consumo, são: comedouros rotos e sujos, alimento velho grudado nas paredes, pouca oferta de água de beber, água suja, temperatura ambiente alta, dias de tormentas e chuvosos, lotes desuniformes quanto a raça, sexo e tamanho e características fenológicas (por exemplo, os chifrudos dominam os mochos e não os deixam comer comodamente nos comedouros)

É importante que todos os animais se alimentem de forma uniforme; se algum ficar com fome, no dia seguinte comerá em excesso, o que poderá provocar um pico de acidose. Não se deve colocar alimento novo sobre alimento velho, já que este ao deteriorar-se se carrega de fungos e seus metabolitos podem provocar efeitos nocivos. Assim por exemplo, se em dias de chuva se acumula comida molhada, convém limpar o comedouro antes de abastece-lo novamente.

ACIDOSE E ALGO MAIS
É a desordem nutricional mais comum e importante que afeta aos sistemas de engorda a curral. É provocada por uma rápida produção de ácidos, devido ao consumo de altas quantidades de grãos ou açúcares. Uma acidose severa pode conllevar ruminitis e redução do consumo de matéria seca, e inclusive a morte. Esta enfermidade pode ser clínica ou subclínica; esta última só é possível ser diagnosticada por um baixo consumo desuniforme, salivação excessiva e diarréias. O quadro subagudo nem sempre se manifesta facilmente, contudo uma simples observação basta para detectar o problema.

Por último, se aconselha um bom controle sanitário, já que os animais em confinamento apresentam maior perigo de contrair enfermidades.

É altamente benéfico realizar um balanço  entre as necessidades do animal e a oferta de pasto e grãos que são ofertados. Desta maneira,  se obtém  os melhores resultados físicos e econômicos. Por isto, é importante realizar análise de qualidade dos ingredientes da dieta.

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