Agricultura

Geoestatística como subsídio à implantação de Agriculutura de Precisão

Por outro lado, vários trabalhos demonstram que a variabilidade das propriedades do solo são espacialmente dependentes (Krige, 1966; Matheron, 1971; Vieira et al., 1981; Trangmar et al., 1995), ou seja, num certo domínio a diferença dos valores de determinada propriedade pode ser expressa como uma função da distância de separação dos pontos mensurados. Portanto, quando uma propriedade do solo varia de um local para outro com algum grau de continuidade, expresso pela dependência espacial, a Geoestatística permite uma visão espacial útil ao planejamento e ao controle das informações de produção.
A modelagem geoespacial permite a descrição quantitativa da variabilidade espacial dos atributos do solo e a estimativa não tendenciosa da variância mínima de valores desses atributos em locais não amostrados. Acessar essa variabilidade faz da geoestatística uma eficiente ferramenta de suporte a decisão no manejo de solo e água (irrigação e drenagem) das culturas. As intervenções para corrigir variações indesejáveis da oferta de nutrientes e água passam a ser balizadas por mapas de isovalores das variáveis de interesse. Essa forma de atuação aproxima-se do conceito da Agricultura de Precisão e se utiliza de tecnologia factível ao padrão tecnológico e de capital de uma importante fatia do agronegócio brasileiro. Diversos são os métodos geoestatísticos utilizados no processo de geração desses mapas; entretanto, uma vez que os dados foram coletados em número razoável de pontos amostrais, é pequena a diferença em eficiência de um método para outro.
Deve-se analisar e planejar o número de coletas de dados, através do custo/benefício, pois um grande número de pontos amostrais aumenta o custo da operação e pode inviabilizar a implantação do processo. Os métodos geoestatísticos de interpolação, em especial o da Krigeagem, apresentam propriedades ótimas de estimativas em dados esparsos. Para a aplicação das técnicas de Geoestatística, necessita-se, primeiramente, detalhar a área onde será implantado o estudo. Para tanto, todas as informações devem ser conhecidas e localizadas através de um processo de amostragem dentro de uma região geográfica definida. Esse processo é viabilizado pela implantação de um sistema de coordenadas locais ou geográficas, onde cada atributo ou característica do solo terá suas informações quantitativas e/ou qualitativas (relevo, granulometria, textura, teor de argila, acidez ou alcalinidade, níveis de salinidade e sodicidade, matéria orgânica etc.) associados a um ponto no espaço. Essas informações podem ser obtidas por meio de coleta in loco, mapas temáticos, imagens de satélite ou fotografias aéreas. Para referenciar essas informações utiliza-se o GPS (Sistema de Posicionamento Global), ou de forma mais simplificada através da topografia convencional, obtendo coordenadas locais.
Em etapa posterior, utiliza-se os SIGs (Sistemas de Informações Geográficas) para processar e fornecer as informações da variabilidade espacial dos atributos do solo e suas interrelações com o meio. Os SIGs realizam funções de análises espaciais baseados nos atributos das entidades gráficas armazenadas na base de dados e a partir de módulos específicos, geram um conjunto de dados estimados (semivariograma), utilizando-se dos pontos (Xi, Yi, Zi, i=1,2,3,…n) amostrados nos pontos de coleta da informação, em que as variáveis X e Y representaram a posição desses pontos (coordenadas geográficas ou locais) e a variável Z, os atributos do solo, estimando o valor dos parâmetros nos locais não amostrados.
Nesse contexto, a Embrapa Tabuleiros Costeiros, vem realizando pesquisas com suporte da Geoestatística, especialmente em áreas com cultivo de fruticultura irrigada, destacando-se ações desenvolvidas no monitoramento de aqüífero freático em solos de baixada litorânea e de monitoramento dos atributos físico-químicos de solos de tabuleiros; os resultados obtidos apresentam-se relevantes, pois, ao associar informações climáticas, de relevo, edafológicas e culturais, possibilitarão modelar a aplicação de diferentes insumos e métodos de manejo nas diferentes culturas, elevando assim, a eficácia dos sistemas produtivos.
Dessa forma, a utilização das tecnologias de informações geográficas através da Geoestatística permite amparar tecnicamente decisões estratégicas e complexas em relação ao sistema de manejo adotado, seus efeitos ambientais e na produtividade das diferentes culturas. Essa é a contribuição da geoestatística para o desenvolvimento de uma produção agrícola sustentável.

KRIGE, D.G. Two-dimensional weighted moving average trend surfaces for ore-evaluation. Journal of the African Institute of Mining and Metallurgy. v.66, p.13-38, 1966.
MATHERON, G. The theory of regionalized variables and its applications. Cahiers du Centre de Morphologie Mathématique de Fountoinebleau. v.05, 1971.
TRANGMAR, B. B.; YOST, R. S.; UEHARA, G. Aplications of geostatistics to espatial studies of soil properties. Advances in Agronomy. Academic Press, v.38, p.45-94. 1995.
VIEIRA, S.R.; NIELSEN, D.R.; BIGGAR, J.W. Spatial variability of field-measured infiltration rate. Soil Science Society of America Journal. Oxford, v.45, p.1040-1048, 1981.

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