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Gado de Corte: Aposta no rumo da qualidade

Opção por nelore de ponta foi feita há 10 anos na Fazenda Guará. Trajetória revela evolução por meio de premiações, que devem aumentar com a expansão da multiplicação in vitro

A Fazenda Guará conta com 700 cabeças de gado, sendo 320 nelores, de elite. A novilha Elegance Fiv Guará, de 17 meses, é um dos destaques do rebanho. Ela é filha da Elegance II, que teve recorde no leilão da Mata Velha, em Uberaba, vendida por R$ 2,8 milhões. A Elegance Fiv Guará recebeu o prêmio de campeã bezerra em Belo Horizonte, primeiro prêmio na Expoinel em Uberaba 2012 e primeiro prêmio na Expoinel mineira este ano. “É um animal diferenciado pelo bom desempenho no ganho de peso, aliado a uma harmonia de conjunto, beleza racial, bons aprumos e feminilidade. Esse conjunto faz com que conquiste premiações importantes nas melhores exposições do Brasil”, afirma Guilherme Queiróz Fabri, criador de nelore e jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Ela estará entre os destaques para a multiplicação de embriões in vitro do BioVitro Guará.

O advogado José Murilo Procópio de Carvalho explica que a criação de bovinos de elite na fazenda foi iniciada há 10 anos, com busca da melhoria genética. “Antes o animal demorava cerca de quatro anos e meio para chegar a 15 arrobas, que é o peso ideal para corte, economicamente. Com a nova tecnologia de fertilização, ele fica pronto para abate com 18 meses. O mais importante no processo é a seleção de animais, feita por meio do acasalamento dirigido”, diz Carvalho.

TRATAMENTO DIFERENCIADO

O manejo na fazenda, explica Inácio Rodrigues Neto, zootecnista da fazenda, é feito em três etapas: há o animal de baia, especializado na pista; o manejo das doadoras (animal em coleta de embrião) e as receptoras (barrigas de aluguel). O manejo do gado é feito por cinco funcionários e cada animal conta com sua alimentação específica. O gado que tem a pista das exposições como destino tem alimentação balanceada em quatro tratos no dia, com silo, feno e dois tipos de ração. O milho para fazer a silagem é produzido na fazenda, assim como o feno.

Em 10 anos, a Fazenda Guará já ganhou mais de 30 prêmios de primeiro lugar em exposição. No ano passado, participou de 48 leilões. Em junho, participa de um leilão virtual, no qual vai vender 90 animais. “A transferência de embrião foi uma revolução na pecuária brasileira. Deu a chance de multiplicar animais de excelência em velocidade muito grande”, afirma José Olavo Borges Mendes, fazendeiro e atual conselheiro da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Mendes, que já foi presidente da associação durante três gestões, destaca a importância do procedimento para a melhoria da qualidade da raça, carcaça e precocidade dos animais. “Há cinco anos, os bois eram mortos com cinco anos de idade. Hoje, o abate é feito até com dois anos”, diz.

Alavanca para as exportações

As exportações de carne bovina brasileira devem crescer em torno de 13% este ano, batendo novos recordes, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Nos dois primeiros meses de 2013, a alta nos embarques de carne bovina brasileira ao exterior chegou aos 30% em relação ao mesmo período do ano passado, tanto em faturamento quanto em volume. “O crescimento da exportação é fruto da melhoria genética, da qualidade da pastagem e da capacidade dos profissionais envolvidos”, observa Lauro Fraga Almeida, gerente de fomento do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) da ABCZ. Até a década de 70, diz, o Brasil era importador de carne. “A partir de 2003 passamos a ser o maior exportador mundial, vendendo 20% da produção para fora”, diz Almeida.

Na sua avaliação, o fato de o Brasil liderar a fertilização in vitro no mundo se deve aos profissionais envolvidos (veterinários) e ao crédito que pecuaristas deram à tecnologia. “A genética do rebanho vem melhorando. Há 20 anos, o animal ia para abate com cinco anos e 460 quilos. Hoje conseguimos mandar o animal para abate com 36 meses e 510 quilos, em média”, diz Almeida. E a qualidade da carne está melhor, garante. “Cerca de 95% da carne brasileira é produzida a pasto. E os 5% restantes são confinados em período de até 120 dias”, observa.

MAIS PESO

O investimento em tecnologia nos últimos anos permitiu que fosse feita a avaliação do animal geneticamente, definindo qual é a capacidade do touro de incorporar características como crescimento e peso, assim como produção de leite, gordura e carcaça. A avaliação é de José Aurélio Bergmann, professor da área de genética e melhoramento animal da escola de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Hoje os animais têm rótulo genético”, afirma Bergmann. Ele lembra, no entanto, que a genética não é exata . “Se fosse, todos os irmãos seriam iguais”, diz. De qualquer forma, ele enfatiza que cerca de 60% dos ganhos que o país tem tido na produção e exportação de carne acontecem em função da melhoria genética. “O restante é devido às condições ambientais”, diz. (GC)

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