“…a partir dessa semana os frigoríficos já se preparam para pressionar o governo do ponto de vista político e ambiental e tentar limitar o crescimento das exportações de animais vivos. Representantes das indústrias devem se reunir com o Ibama nesta semana para cobrar rigor na fiscalização dos portos por onde esses animais saem: Rio Grande do Sul e Pará. A segunda estratégia é usar a força política do ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que ainda preside a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, para pressionar o Ministério da Agricultura a tomar alguma medida.” Agencia do Estado
Será que vai ajudar?
A exportação de gado em pé para engorda e abate gerou uma receita de 259 milhões de dólares em 2007, com o embarque de 431 mil animais. Um número relativamente expressivo, quando analisado de forma isolada. Porém, será que é relevante na disputa pelo gado terminado?
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Brasil abateu, em 2007, cerca de 30,5 milhões animais. A estimativa da Scot Consultoria, que considera também o abate informal, é ligeiramente superior a 46 milhões de cabeças. Portanto, as exportações de gado em pé equivalem a 1,4% do abate formal e menos de 1% do abate total brasileiro.
A pecuária brasileira atravessa um período de ajuste produtivo, que é natural e cíclico. Não é a exportação de gado em pé que tem dificultado a aquisição de animais terminados por parte das indústrias. Existem impactos regionais (como na região de Paragominas, no Pará), mas a situação atual é reflexo de mais de quatro anos de abate de matrizes e redução de investimentos, em função da crise que acometeu o setor produtivo entre 2002 e 2006.
Em médio prazo, mediante a retomada dos investimentos no campo, o rebanho brasileiro, que já é o maior do planeta, irá voltar a crescer. E quanto mais players no mercado, sejam produtores, indústrias de insumos, frigoríficos e exportadores de gado em pé, melhor para a cadeia e para o país. Espaço tem para todo mundo. (VIC e FTR)