Adubação, Solos e Pastagem

Exames bons para todos

Produtores rurais que vendem frutas e hortaliças na CeasaMinas aprovam o controle rígido feito pelo laboratório. E garantem que substâncias usadas no campo hoje são mais seguras

O agricultor Eufrásio Aparecido Santos, de 38 anos, gasta, a cada três dias, R$ 1,2 mil para combater as pragas que ousam invadir os cinco hectares de sua propriedade rural, na cidade de Jaíba, no Norte de Minas, onde cultiva mamão da variedade havaí. “Recolho cerca de 800 caixas de seis quilos por mês, mas gasto R$ 12 mil apenas com o defensivo”, reclama o rapaz, que vende parte de sua produção no entreposto da Ceasa em Contagem e não dispensa críticas ao alto custo com a produção. Por outro lado, ele faz questão de dizer que é favorável ao trabalho de fiscalização nas propriedades do campo.

Eufrásio não é o único: agricultores que ganham o pão de cada dia na CeasaMinas ressaltam a importância de suas colheitas serem examinadas e avalizadas pelo laboratório vinculado ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). “É um serviço bom para nós, bom para a população”, acrescenta o pai de Eufrásio, seu Valter Paulo Santos, de 68, que ajuda o filho a vender mamão no maior entreposto de Minas Gerais, em Contagem, na Grande BH.

Os dois contam que na época de calor ácaros consomem as folhas do mamoeiro, manchando o fruto. “As folhas ficam queimadas, os frutos se atrofiam e não se desenvolvem. Daí eles caem”, explica o filho, alertando acerca da importância de os agrotóxicos serem usados em conformidade com a legislação. Até para não prejudicar a saúde de quem manuseia as substâncias. José Maurício Campeta, de 56, que planta tomates em Carmópolis de Minas (Centro-Oeste do estado) – cidade que produz a espécie andréa de melhor qualidade do país, segundo faz questão de propagandear o agricultor –, tem consciência de não usar agrotóxicos proibidos pelos órgãos competentes.

“O IMA tem de fazer esse serviço (coletar amostras e analisá-las no laboratório) porque está em jogo a saúde das pessoas (produtores e consumidores)”, reforça Campeta, recordando que as amostras recolhidas em sua propriedade foram aprovadas pelo IMA. Hoje, acrescenta o produtor, é mais “tranquilo” combater as pragas. Há mais de uma década, recorda ele, havia mais perigo em manusear as substâncias.

O produtor Íris Márcio Prado, de 42, que planta bananas e mandiocas em Itaguara, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, obedece as normas de segurança e de saúde na lida com fertilizantes e agrotóxicos. Ele não abre mão ainda de aplicar óleo vegetal nas folhas, evitando, segundo ele, muitas pestes. “Também fazemos questão de manter o terreno limpo.” Além de se preocuparem com as normas de segurança e de saúde, Eufrásio, Valter, José e Íris têm outros pensamentos em comum. Um deles é o alto custo dos insumos para o produtor de pequeno e médio portes.

“A luz elétrica, por exemplo, é os olhos da cara”, reclama Valter, que usa a energia no projeto Jaíba, no Norte do estado. Para José, o custo da mão de obra é um absurdo: “Os impostos (trabalhistas) são caros”. Já o produtor de Itaguara não poupa críticas à precária malha viária do país. Todos se referem ao chamado custo Brasil, considerado uma barreira na evolução de vários setores.

 

Atitude que não compensa

Cerca de 460 toneladas de defensivos ilegais foram apreendidos no Brasil desde 2001, segundo informações do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), entidade que acompanha de perto os trabalhos dos órgãos competentes que fiscalizam o setor. Em 11 anos, ainda de acordo com o Sindag, 932 pessoas foram detidas, tendo a Justiça aplicado 40 condenações. O uso de agrotóxicos em quantidade superior à permitida em lei ou de defensivo proibido no país pode levar pessoas – tanto quem manuseia quanto quem consome produtos com a substância – à morte.

Entre janeiro e setembro, por exemplo, a Polícia Federal, em parceria com a Civil e a Militar de vários estados, apreendeu 13 toneladas de defensivos ilegais no Brasil. As operações resultaram em 110 pessoas detidas. Elas podem responder por contrabando ou descaminho, sonegação fiscal e crime ambiental. As operações ocorreram também em parceria com órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Na Operação Salamanca, realizada no Rio Grande do Sul, o Ibama aplicou multa de R$ 4,2 milhões a um grande fazendeiro cujo nome não foi divulgado. Em setembro, dessa vez sob o comando do Ministério da Defesa, ocorreu a Operação Ágata 5, que contou com o apoio de 19,5 mil oficiais de diversos órgãos públicos. Resultado: apreensão de 500 litros de produtos ilegais em propriedades gaúchas. O volume pode até parecer pequeno, mas vale lembrar que pouca quantidade de defensivo é suficiente para combater pragas em mais de um hectare.

Para ajudar no combate ao uso de defensivos proibidos no país, o Sindag, em parceria com a indústria do setor, lançou um disque-denúncia, que funciona em todo o país e cujo número é 0800-940-7030. A ligação é gratuita e o serviço já recebeu mais de 17 mil chamadas. As denúncias, que podem ser anônimas, são encaminhadas diretamente às autoridades policiais. (PHL)

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