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Estratégia para aumento de gordura no leite durante as chuvas

Na época das chuvas, é comum acontecer queda na gordura do leite. Dentre as causas do problema, está a alimentação do rebanho basicamente a pasto, o estresse térmico e a oferta de concentrado separado do volumoso.

Neste momento do ano, o pasto apresenta-se com baixa fibra e com excelente digestibilidade, o que faz com o que os animais ruminem menos. Além disso, o pasto contém uma grande quantidade de gordura insaturada, que é um grande responsável pela queda da gordura do leite.

O estresse térmico, provocado pelas altas temperaturas, faz com que o animal gaste mais tempo expirando o ar quente e consequentemente menos tempo ruminando, o que gera menos saliva e, consequentemente, menos gordura no leite.

Por fim, animais que estavam em sistema confinado durante a época seca do ano recebiam toda a dieta misturada (dieta completa). Agora, no pasto, muitos sistemas oferecem concentrado separado do volumoso. Esta mudança no manejo leva a uma queda do pH do rúmen, que irá resultar em menos gordura no leite.

Uma alternativa para reverter o problema é o aumento da diferença cátion-aniônica da dieta (DCAD) para um valor mais positivo. O DCAD é o resultado da equação (Na + K) – (Cl + S). Próximo ao parto, normalmente, os nutricionistas estão focados em ter um DCAD negativo ((Cl + S) > (Na + K)), para causar uma acidez no sangue e aumentar a captação de cálcio do próprio corpo do animal. No entanto, durante a lactação, pesquisas recentes têm demonstrado que o DCAD positivo ((Na + K) > (Cl + S)) tem ajudado a aumenta a porcentagem de gordura no leite.

Sabe-se que, dentre os fenômenos causadores de baixa gordura no leite, a quantidade de gordura insaturada que sai do rúmen certamente tem um papel muito importante. Com a utilização de DCAD positivo a quantidade de gordura insaturada que deixa o rúmen é menor. Um experimento publicado recentemente utilizou doses crescentes de DCAD com o aumento de potássio (K) da dieta. Quanto maior a quantidade de potássio, maior foi o pH e menor foi a quantidade de gordura insaturada produzida.

Em outro estudo, em que o autor subiu o DCAD modificando o potássio de 1.2% para 2% da matéria seca da dieta, a gordura do leite subiu 0,4 pontos percentuais. Estes resultados de experimentos realizados em universidades também estão sendo reproduzidos em rebanhos comerciais. Em um rebanho comercial americano, a gordura do leite estava em 3.3%. O nutricionista decidiu balancear a dieta para produzir um DCAD positivo com ajuda do potássio e, em 14 dias, a gordura do leite estava em 3.7%.

Certamente, o primeiro passo do nutricionista neste sentido é o enviar uma amostra da dieta a um laboratório para verificar o DCAD. Com o resultado, ele pode recomendar com segurança a utilização de um DCAD positivo como uma ferramenta para aumentar a gordura do leite do rebanho.

Importante frisar que o aumento do DCAD deve ser feito com o aumento do K, geralmente chegando a 2% do consumo de matéria seca do animal. Recomendações de DCAD entre +350 e +450 meq/kg de MS certamente podem ajudar o pH do rúmen, o que resultará em maior quantidade de gordura no leite. Não se sabe ainda se o responsável pelo aumento da gordura do leite é o DCAD em si ou simplesmente o aumento do potássio.

Outro ponto importante é que a fonte de potássio utilizada parece ter impacto também. O aumento de gordura do leite mais proeminente foi observado quando a fonte utilizada era carbonato de potássio.

 

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