Dentre as gramas bermudas, as mais conhecidas são a Coastal, o Tifton 44, Tifton 68, Tifton 78, Coastcross e o Tifton 85, sendo o último considerado o melhor o híbrido de Cynodon, desenvolvido pela Universidade da Geórgia em mais de 50 anos de pesquisas. Todos os híbridos são essencialmente estéreis e, além de produzirem pouca semente, estas não são viáveis, sendo propagados vegetativamente (Vilela & Alvim, 1998).
O Tifton 85 foi desenvolvido como uma gramínea de alta qualidade e alta produtividade, tanto para pastejo, como para produção de feno. Esse híbrido apresenta porte mais alto, colmos maiores, folhas mais largas e cor mais escura do que outros híbridos de bermuda, além de maior relação folha/colmo comparado ao Tifton 68.
O gênero Cynodon é originário da África Tropical (Quênia, Uganda, Tanzânia e Angola) e apresenta ciclo fotossintético C4, características típicas de plantas que crescem bem no verão, mas tem crescimento sensivelmente reduzido no inverno, sendo que seu sistema radicular e parte aérea desenvolvem bem com temperaturas acima de 15,5 e 12,7ºC, respectivamente). Dessa forma, apesar de alguns cultivares, como o Tifton 85, serem tolerantes ao frio, os mesmos apresentam taxas de crescimento muito reduzidas em regiões com invernos rigorosos. Logicamente, existem inúmeras diferenças entre as cultivares, as quais serão relatadas nos outros artigos dessa seção.
Apesar de haver poucos resultados de pesquisa no Brasil com o gênero Cynodon, na prática, muitos produtores vem obtendo excelentes resultados com alguns híbridos bermuda, tanto na produção de feno como em pastagens. Embora existam relatos na literatura de produções entre 20-25 toneladas de matéria seca/ano, na prática, alguns produtores tem conseguido em áreas irrigadas produções acima de 30 toneladas de matéria seca/ano. A seguir serão relatados alguns fatores para se obter sucesso no estabelecimento de pastagens do gênero Cynodon: As espécies de Cynodon podem ser implantadas em áreas de topografia variada, mas não toleram terrenos encharcados e áreas sombreadas. Além disso, os solos devem ser bem preparados para o cultivo.
O primeiro passo após a escolha da área para cultivo e fazer a análise da terra, efetuando-se todas as correções necessárias (calagem= correção da acidez, gessagem, potassagem e fosfatagem), além das adubações com outros macro e micronutrientes. Deve ser ressaltado que essas espécies retiram grandes quantidades de nutrientes do solo (exemplo: para cada tonelada de matéria seca de Costcross são extraídos cerca de 16 e 20 kg de nitrogênio e potássio, respectivamente). Dessa forma, devem ser realizadas análises de solo anualmente para determinar as quantidades a serem repostas ao solo. Para o sucesso do plantio das mudas, o solo deve estar bem úmido.
Nas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, sem irrigação, a melhor época de plantio vai de outubro a janeiro, devido à presença de chuvas e temperaturas adequadas. Mesmo na presença de irrigação, plantios nos meses de inverno em regiões sujeitas a geadas, não são recomendados. As mudas destinadas à formação de pastagens devem estar maduras, com cerca de 100 dias de idade, originadas de áreas bem manejadas (adubadas), livres de pragas, doenças e ervas. Isso é importante, uma vez que a brotação das gemas depende inicialmente dos carboidratos de reserva, até iniciar a atividade fotossintética da planta. Uma boa muda deve ter raízes, colmos e estolões grandes e muitas gemas. Mudas jovens, pequenas e tenras não devem ser utilizadas porque desidratam no sulco de plantio. As mudas podem ser plantadas em sulcos, covas ou espalhadas a lanço.
O plantio no sulco reduz o gasto de mudas por ha, apresenta facilidade de plantio e facilidade de pegamento das mudas. As mudas são colocadas em sulcos de 5-10 cm de profundidade, espaçadas de 0,5-1,0 m, enterrando-se dois terços da muda e deixando-se o terço apical para fora. Quanto menor o espaçamento entre os sulcos de plantio, mais rápido será o fechamento da área (Rodrigues et al., 1998). O plantio em covas é indicado para regiões com topografia acidentada, principalmente em pequenas propriedades. Nesse caso, as covas são espaçadas a cada 40-50 cm.
No caso do plantio das mudas a lanço, as mesmas são distribuídas superficialmente na área, sendo incorporadas com uma grade semi-aberta (enterrio parcial das mudas), seguido de uma leve compactação. Trata-se do método que exige a maior quantidade de mudas. No caso de mão de obra, Rodrigues et al. (1998) relatam que para plantar um ha de mudas são exigidos nos plantio de sulco, em covas e a lanço cerca de 13, 17 e 8 homens/dia, respectivamente. Nos próximos artigos dessa seção serão discutidos alguns aspectos de manejo das mudas recém-plantadas, manejo de plantas invasores, adubação, pragas e outros. NÃO PERCA !
Referências bibliográficas VILELA, D. ALVIM, M.J. Manejo de pastagens do gênero Cynodon: Introdução, caracterização e evolução do uso no Brasil. IN: PEIXOTO, A.M. et al.Anais do 15º Simpósio sobre manejo da pastagem: manejo de pastagens de Tifton, Coastcross e Estrela. Piracicaba: FEALQ, 1998, p.22-54. RODRIGUES, L.R.A.; REIS, R.A.; SOARES FILHO, C.V. Estabelecimento de pastagens de Cynodon: Introdução, caracterização e evolução do uso no Brasil. IN: PEIXOTO, A.M. et al.Anais do 15º Simpósio sobre manejo da pastagem: manejo de pastagens de Tifton, Coastcross e Estrela. Piracicaba: FEALQ, 1998, p.115-128.
