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Disenteria Bovina de inverno

O agente causador é vírus conhecido como Conavírus.
Nos Estados Unidos, a moléstia é mais comum em Estados do Norte. Contudo, sua ocorrência foi relatada na Austrália, Suécia, Inglaterra, Israel, França, Bélgica, Japão e Canadá. No Brasil, os primeiros casos que suspeitamos foi no município de Buri e São Miguel Arcanjo, nos Estado de São Paulo, em maio de 1998 (isolado no Instituto Biológico de São Paulo). O segundo surto que encontramos ocorreu no mês de julho de 2002 nos municípios de Botucatu e Itapetininga, ambos no mesmo Estado do primeiro.
Apesar de ser uma enfermidade assustadora pela sua evolução e pelo tipo de diarréia, dentro de um rebanho, em geral o surto não se prolonga por mais de duas semanas. Porém, a morbidade pode ser elevada, caso o rebanho não tenha sofrido disenteria de inverno nos últimos anos antecedentes. Em qualquer caso, a mortalidade é, de modo geral, rara. Embora a maior parte dos relatos indique que esta moléstia é de gado adulto, em um surto de rebanho, pode ser observada leve diarréia em animais com até quatro meses de idade.

Sintomas clínicos
A disenteria de inverno é uma moléstia diarréica explosiva, acompanhada por anorexia, embotamento e hipogactia (perda de leite entre 15 a 38%). Em alguns casos, observamos cólicas leves. Outros, ainda, podem ter aspecto enfraquecido, preferindo deitar-se. Se a diarréia é grave ou persistente por mais de um dia, poderá ocorrer desidratação. A perda de peso é evidente, sendo causada pela perda de repleção do rúmen e pela repleção do liqúido extracelular. A motilidade rumenal está reduzida, mas os borborigmos intestinais podem estar aumentados. Freqüentemente está presente o aumento da sede, polidipsia segue-se à diarréia.

Exame clínico
O exame clínico pode revelar alças intestinais dilatadas. As fezes variam desde coloração coreácea clara até castanho-escura. Comumente, ocorre formação de bolhas nas poças que se formam a diversos metros, posteriormente, ao animal. Pode ser detectado sangue nas fezes de diversas reses. A quantidade de sangue pode variar, desde porções invisíveis até grandes coágulos; ou ainda, o sangue poderá estar uniformemente mesclado às fezes. Alguns animais podem apresentar muco espesso nelas.
Alguns sintomas respiratórios leves podem ocorrer, consistindo de corrimento nasolacrimal seroso e de tosse suave que, também, pode ser observada precedendo à diarréia.

Diagnóstico diferencial
O diagóstico diferencial deve ser feito nas seguintes enfermidades: coccidiose, salmonelose, moléstia de John e gastroenterite nutricional. As células epiteliais criptas são destruídas pela ação viral, levando à necrose e à hemorragia.

Epidemiologia
O período de incubação pode variar de 2 a 8 dias. Os animais suscetíveis são primeiramente afetados e de forma mais grave. A incidência de diarréia durante o surto começa com o explosivo surgimento dos sintomas em 10 a 15% dos animais, no primeiro dia. No segundo, de 20 a 40% são afetados. Nos dias subseqüentes, os animais ficam enfermos em proporções similares. Tipicamente, dentro de duas semanas do início da diarréia, todos os animais já se recuperam. Em grandes rebanhos, a duração do surto pode se prolongar de 6 a 8 semanas.

Tratamento e prognóstico
Em sua maioria, os animais afetados pela disenteria de inverno se recuperam espontaneamente, em alguns dias e sem tratamentos específicos. Nos casos mais graves, tratamentos de suporte devem ser efetuados para evitar contaminações secundárias. Por se tratar de uma enfermidade nova e pouco conhecida, mantenho-me à disposição para outros esclarecimentos.

Bibliografia:
– Tratado de Medicina Veterinária de Grandes Animais – Vol. 1- edição de 1993

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