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Conforto animal em clima quente

No Brasil, nas épocas mais quentes do ano – primavera e verão – são comuns altas temperaturas, mesmo no sul do país. O desconforto com as altas temperaturas impacta diretamente na produção animal, que pode ser facilmente mensurada em rebanhos leiteiros com a redução da produção. Isso é mais evidente em animais mais produtivos.

Durante o processo de produção de leite, há geração de energia, como se fosse o motor de um carro que, para andar, se aquece. Sendo assim, quanto mais litros de leite são produzidos, mais calor é gerado. Diretamente ligada a esse fato está a raça dos animais, pois vacas de raças mais especializadas para a produção de leite, como a holandesa por exemplo, produzirão mais leite e com isso mais calor. Além disso, esses animais são oriundos de países onde as temperaturas são baixas, o que dificulta sua adaptação em climas mais quentes, como o brasileiro.

O sombreamento adequado para animais a pasto, a disponibilidade de água e os sistemas de resfriamento em galpões de confinamento (Free stall), entre outras medidas, são estratégias para amenizar o problema.

Um modo de avaliar o conforto dos animais com relação à temperatura é observar os lotes em horários mais quentes do dia. Veja, na foto abaixo, que a maior parte dos animais está de pé, aglomerada sob a sombra, demonstrando desconforto.

Na foto seguinte, é possível observar que não há sombra suficiente para os animais deste lote. A escassez de sombra pode fazer com que somente alguns animais, os dominantes, se deitem.

Outro fator que impede que os animais se deitem é a presença de lama. Caso se deitem, mesmo nessa situação, estarão predispostos ao aparecimento de mastite.

Outra forma clássica de perceber que o animal está em desconforto é quando a sua respiração está mais rápida, ofegante. Isso é fisiológico, já que a vaca tenta, com a aceleração da respiração, trocar calor com o ambiente. Um sintoma mais grave é quando os animais estão de boca aberta, muitas vezes até com a língua para fora. Em situações como esta, se os animais estão em galpões onde haja ventiladores e aspersores, estes deverão ser ligados. Caso não sejam animais de galpões o fato de molhar bem os animais em estado mais crítico pode ajudar no resfriamento.

Um momento em que as vacas sofrem muito com o calor é na sala de espera para a ordenha. Uma instalação coberta, com ventiladores e aspersores, com um pé direito mais alto, pode favorecer um melhor conforto.

Para minimizar os efeitos do calor sobre os animais é preciso ter muito cuidado na escolha das raças de acordo com o seu tipo de sistema e adequar as instalações para que os animais sofram o mínimo em dias muitos quentes. Uma medida de baixo custo, como o sombreamento, pode trazer um conforto aos animais capaz de melhorar a capacidade de produção. Por exemplo, se cada vaca, em um rebanho de 200 animais, tiver um ganho em conforto que poderá aumentar sua produção diária em 500 ml, ao final de um dia haverá um aumento de produção de 100 litros (0,5*200=100l), que ao final de um mês serão 3000 litros (100*30) a mais. Com um preço de leite de R$1,00, ao final haverá 3000 reais a mais, que pagará a instalação de um sombrite, por exemplo, ou o plantio de algumas árvores. Estes valores são meramente ilustrativos, pois os ganhos com conforto são variáveis de acordo com cada animal, mas sempre existem.

 

 

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