Adubação, Solos e Pastagem

Como manejar as pragas de grãos armazenados

A necessidade crescente de produtos para suprir a demanda mundial de alimentos, tendo em vista o crescimento populacional, exige que a qualidade do grão colhido na lavoura seja mantida com o mínimo de perdas até o consumo final.

Estima-se que, de cerca de 80 milhões de toneladas de grãos produzidas anualmente no Brasil, 20,0 % são desperdiçadas no processo de colheita, no transporte e no armazenamento. As perdas por ataque de pragas, durante o armazenamento, chegam a 10,0%.

As pragas são as maiores causadoras de perdas físicas, além de serem responsáveis pela perda na qualidade de grãos e de subprodutos, no momento que são destinados à comercialização e ao consumo.

O problema tem origem em diversos fatores, dentre os quais destacam-se a inadequada estrutura armazenadora – composta, em sua maioria, por armazéns graneleiros de grande capacidade estática, com sistema deficiente ou inexistente de controle de temperatura – e a ausência quase total de sistema de aeração. Assim, depois de limpos e secos, os grãos são colocados nesses armazéns, onde permanecem depositados até a retirada para consumo, sem haver o efetivo monitoramento da massa de grãos para verificar a temperatura, a umidade e a presença de insetos, situações que podem determinar perdas quantitativas e qualitativas.

Outro fator que contribui para o agravamento do problema é a disponibilidade de poucos inseticidas registrados para o controle das pragas de grãos armazenados, fator este que dificulta a alternância de ingredientes ativos.

Esses fatores, aliados a muitos outros, têm contribuído para que ocorram elevadas perdas de grãos, tanto em quantidade como em qualidade destes. Freqüentemente, observa-se o apodrecimento de grandes quantidades de grãos nos armazéns e problemas na comercialização de grãos e de farinha, devido à presença de insetos ou de restos de insetos, fatores oriundos da má conservação de grãos.

A solução para essa situação passa pela execução do "manejo integrado de pragas". Este prevê que se esteja informado a respeito da situação dos grãos e da unidade armazenadora, da identificação de espécies e de populações de pragas ocorrentes, da associação de medidas preventivas e curativas de controle das pragas, do conhecimento dos inseticidas recomendados e sua eficiência, da existência de resistência das pragas aos inseticidas em uso, da análise econômica do custo de controle e das perdas a serem evitadas. Da mesma forma a adoção de rigoroso sistema de monitoramento das pragas, da temperatura e da umidade da massa de grãos se faz sentir.  O conhecimento do hábito alimentar de cada praga constitui elemento importante para definir o manejo a ser implementado na massa de grãos.

Existem dois importantes grupos de pragas que atacam o trigo armazenado, que são os besouros e as traças. Nos besouros encontram-se as espécies: Rhyzopertha dominica (Figura 1), Sitophilus oryzae e S. zeamais (Figura 2), Cryptolestes ferrugineus , Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum. As espécies de traças mais importantes no trigo são: Sitotroga cerealella (Figura 3), Plodia interpunctella, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella. Dentre estas pragas, R. dominica, S. oryzae e S. zeamais, são as mais importantes economicamente, e que justificam a maior parte do controle químico praticado nas unidades armazenadoras.

Medidas de Controle
Para realizar o controle das pragas é de extrema importância que se faça o manejo adequado dos diversos fatores que influem na eficiência do controle. Assim a correta identificação da praga, o tipo de unidade armazenadora, as condições de aplicação do inseticida, a eficiência dos inseticidas empregados, o monitoramento das pragas e a resistência da população de pragas aos inseticidas em uso, devem ser considerados na tomada de decisão do método de controle.

O manejo adequado pode reduzir o número de espécies resistentes ou, no mínimo, retardar o problema da resistência aos inseticidas químicos.

Para obter êxito no controle das pragas do trigo armazenado faz-se necessário o uso de medidas de higienização e limpeza, tratamento preventivo ou curativo com o uso de inseticidas, e o monitoramento da massa de grãos.

Tratamento preventivo dos grãos com uso de inseticidas
Após os grãos terem sido limpos e secos, expurgados ou não, dependendo da infestação inicial, deverão ser guardados em armazéns previamente higienizados, por um período variável, dependendo do consumo e do interesse de cada armazenador.

Se o período de armazenagem for superior a 3 meses, aconselha-se fazer o tratamento preventivo dos grãos para proteção contra as pragas. Esse tratamento consiste em aplicar inseticidas líquidos sobre os grãos, no momento de carregar o armazém, na correia transportadora, e homogeneizá-los, de forma que todos os grãos recebam o inseticida. Este inseticida protegerá o trigo contra o ataque das pragas que tentarão se instalar na massa de grãos. Recomenda-se a dose de 1,0 a 2,0 litros de calda/t, a ser pulverizada sobre os grãos, e o uso dos inseticidas pirimiphos-methyl, fenitrothion, deltamethrin e bifenthrin, de acordo com a espécie e população da praga visada.

Tratamento curativo com uso de fumigantes
A fumigação ou expurgo é uma técnica empregada para eliminar qualquer infestação de pragas nos grãos, mediante o uso de gás. Este deve ser realizado sempre que houver infestação, seja em produto recém-colhido infestado no campo, ou mesmo após período de armazenamento em que houve infestação no armazém.

Para que o expurgo seja eficiente é essencial que o local a ser expurgado permita vedação completa. O gás introduzido no interior da massa de grãos deve ficar naquele ambiente na concentração letal para as pragas. Assim, qualquer saída ou entrada de ar deve ser vedada sempre com materiais próprios, como a lona de expurgo não porosa. Para grãos ensacados, é essencial a colocação de "cobras de areia" ao redor das pilhas sobre as lonas de expurgo, para melhorar a vedação. O inseticida indicado para o expurgo de grãos de trigo, pela eficiência, facilidade de uso, segurança de aplicação e versatilidade, é a fosfina.

Monitoramento da massa de grãos
O sistema de acompanhamento das pragas que ocorrem na massa de grãos armazenados é de fundamental importância, pois irá detectar o início da infestação que poderá alterar a qualidade final do grão. O sistema de monitoramento instalado deve contemplar um método eficiente de amostragem de insetos, de medição da temperatura e da umidade do grão. O monitoramento está baseado em um eficiente sistema de amostragem das pragas, independente do método empregado e da medição das variáveis que influem na conservação do trigo armazenado.

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