Agricultura

Cedro Australiano: Em solo fértil

Do teste para a produção em escala comercial, a Bela Vista Florestal se preparou para produzir 500 mil mudas de cedro clonado neste ano, volume mais de três vezes superior às 150 mil comercializadas em 2012. A empresa tem plantios de 50 hectares em Campo Belo com três meses a nove anos e confia nos bons indicadores das pesquisas realizadas para ser reconhecida como referência na cultura. As plantas clonais de cedro mais velhas têm 3,5 anos e as matrizes 5,5 anos. Experiência de cultivo não falta, diante dos 400 hectares próprios plantados de eucalipto no município e da participação societária em 6 mil hectares de eucaliptos no Noroeste de MG, nos quais faz gestão florestal.

Em meados dos anos 2000, quando a Bela Vista começou a trabalhar no desenvolvimento de material genético, a estratégia de não depender de fornecedores estava traçada, lembra o diretor da empresa mineira, Ricardo Vilela. “Havia uma grande heterogeneidade de sementes num mercado em que o cedro era novidade. Isso refletia na qualidade das mudas. Depois da agitação normal que ocorre em torno de uma novidade, a demanda caiu muito devido ao fracasso de vários agricultores que implantaram a floresta”, afirma. Boa parte desse insucesso se deve ao equívoco de adaptar ao cedro o manejo do eucalipto, da falta de informação sobre as exigências nutricionais da planta e a necessidade de solo fértil.

As possibilidades efetivas de venda da madeira consistem em outro nó que tem de ser desatado pelos produtores, em geral ansiosos por uma opção de renda, destaca o engenheiro-agrônomo Edson Spini Logato, do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) em Lavras. “Orientamos o produtor que tem interesse no negócio, mas ainda não há na região lavouras adultas para corte que nos indiquem até que ponto haverá demanda e quanto melhor será a remuneração em comparação à do eucalipto”, afirma.

Bruno Santana, da Terra Verde, diz que na região de Itabirito e Ouro Preto os produtores têm tido dificuldade de comercializar eucalipto de boa qualidade e enfrentado a escassez de mão de obra. O metro cúbico da madeira está sendo vendido a no máximo R$ 400, ao passo em que os preços do metro cúbico serrado das madeiras consideradas nobres, como o cedro australiano e o mogno africano, têm variado de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil.

Com base nas estimativas da Bela Vista Florestal, a partir de uma floresta formada ao custo de implantação e manejo de R$ 12,5 mil por hectare, aos dois anos, o valor de venda da madeira no cenário pessimista seria de R$ 675 por hectare, produzida apenas lenha e a preço de venda CIF (com seguro e frete incluído). Aos oito anos, com custo de R$ 25 mil por hectare, considerando-se a produtividade de 30 metros cúbicos por hectare ao ano, a receita de venda alcançará R$ 40 mil por hectare. Nesse cenário, estariam pagos os custos de implantação e colheita, corrigido o capital a 8% ao ano. O lucro do empreendimento vem do corte raso no fim do ciclo da cultura.

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