Mas em que pesa ter um nome complicado e características peculiares, o Onthophagus gazella é um grande amigo da pecuária. Afinal, com seus hábitos, ele ajuda na recuperação das pastagens para o gado e combate a praga da mosca-do-chifre e outros parasitas.
Utilizado em diversas partes do mundo em programas de controle biológico, o besouro "rola-bosta" foi importado dos Estados Unidos (mais precisamente do estado do Texas) em outubro de 1989. A iniciativa foi do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), de Campo Grande (MS), órgão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). O objetivo do CNPGC: utilizar o besouro em um programa integrado de controle de helmintos e moscas mais controle químico visando interromper o ciclo desses parasitas e diminuir a população de larvas na pastagem.
A introdução do "rola-bosta" incrementou a chamada atividade coprófaga nas pastagens, auxiliando no combate aos parasitas bovinos associados às massas fecais. Em outras palavras, o besouro Onthophagus gazella é um importante agente de recuperação das pastagens infestadas por fezes bovinas, pois ao utilizar as massas fecais para si próprio ou para suas crias, transporta os ovos e larvas encontradas, enterrando-os a uma profundidade de cerca de 25 cm. Com isso, além de destruir as massas fecais depositadas na superfície do solo contribuindo para o aumento da capacidade de suporte das pastagens, o besouro "rola-bosta" enterra 12 toneladas de fezes/ano depositadas ao solo por um único bovino.
Perigo ao besouro – O besouro "rola-bosta" tem, no entanto, um ponto fraco, que pode dizimá-lo das propriedades, devolvendo aos produtores o problema dos parasitas, como a mosca-do-chifre e verminoses: ele é sensível a alguns medicamentos (Avermectinas) e agrotóxicos que, quando aplicados, levam o O. gazella à morte.
Segundo informações do CNPGC, quando excretados pelas fezes alguns biocidas usados nos animais para combater parasitas ainda têm vida longa e potente atividade letal contra expressivo número de insetos benéficos que se criam nas fezes e são essenciais para o ecossistema. É o caso dos besouros "rola-bosta".
Benefícios evidentes – Presente nas pastagens, o besouro africano elimina a população de mosca-do-chifre e verminoses em 40%, evita a volatização do nitrogênio (ao enterrar as fezes) e melhora o nível de fósforo e cálcio no capim, resultando na fertilização do solo, que passa a receber permanentemente adubação orgânica de qualidade. Ainda auxilia na rebrota do capim, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, faz a aeração do solo e proporciona economia significativa ao bolso do produtor com gastos com adubos e produtos químicos.
Quanto maior o número de besouros presentes, maior é a incorporação das fezes dos bovinos ao solo, que ocorre com a degradação da matéria fecal, realizada em apenas 48 horas. O ideal é 100 casais por hectare.
Por esses fatores, a besouro Onthophagus gazella é uma das formas mais eficientes de controle dos principais parasitas dos bovinos. Dessa forma, o pecuarista tem de estar atento ao número de besouros presentes na propriedade e, se necessário, deve restabelecer a população no ambiente.
