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Bagaço de cana-de-açúcar tratado com uréia

O Brasil como país tropical, apresenta excelentes condições para a exploração de ruminantes em pastagens, porém em determinadas regiões dentro do ano em nosso país, a dificuldade de adquirir alimentos volumosos em épocas secas, torna-se uma árdua e difícil tarefa para muitos produtores rurais. Coincidentemente, nesta época de escassez, a oferta de subprodutos e resíduos oriundos da cana, como o bagaço, por exemplo, é abundante.

O bagaço da cana, pode oferecer a solução para os problemas da falta de alimentos volumosos para os ruminantes em determinadas regiões no Brasil e no mundo.

Existem algumas maneiras práticas de melhorar o aproveitamento do bagaço da cana na alimentação animal. O tratamento químico é uma delas. A técnica é de fácil manuseio, relativamente barata e bastante acessível aos produtores rurais.

A finalidade básica do tratamento é a hidrólise que ocorre dentro da parede celular, causando o rompimento da forte ligação entre a lignina e a celulose, fazendo com que a primeira sendo indigesta, seja expulsa do trato gastrointestinal e a segunda, consequentemente melhor aproveitada dentro do trato gastro Intestinal(TGI).

O bagaço de cana-de-açúcar como alimento volumoso para ruminantes.

O bagaço da cana-de-açúcar é o resultado da extração do caldo após esmagamento nas moendas, rico em conteúdo celular, que serve para fabricação de açúcar e álcool.

Assim como qualquer outro resíduo, o bagaço da cana tem em sua composição química, os seguintes elementos:

I. A celulose;
A celulose é o composto químico orgânico que existe em maior abundância nas plantas e em toda a superfície terrestre e é aproveitada pelos ruminantes em diferentes graus, com valores que oscilam desde 20% até 90% e pode servir para suprir as deficiências energéticas dos ruminantes.

II. A lignina;
O conteúdo nas plantas aumenta com a maturidade fisiológica. Está sempre relacionado com a indigestibilidade das fibras da dieta. Dependendo do grau de lignificação das paredes, dificulta o aproveitamento da celulose e hemicelulose;

III A hemicelulose;
É passível de ser hidrolisada a pentoses, também servindo de energia para os ruminantes;

O bagaço pode ser melhor utilizado na alimentação animal, desde que tecnicamente manuseado. É um alimento que apresenta baixa digestibilidade, é pobre em proteína, minerais e vitaminas, muito rico em parede celular fortemente lignificada por oacasião do amadurecimento da planta. A celulose, fonte básica de energia para os ruminantes, pouco é aproveitada, por ocasião desta lignificação.

Apesar de ser utilizado na geração de energia, a sobra de bagaço nas usinas é significativa e seu potencial como complemento volumoso para ruminantes é viável tecnicamente.

Recomenda-se duas maneiras para se utilizar o bagaço na alimentação de ruminantes:
– Tratamento físico-químico
– A auto-hidrólise é uma forma de tratar o bagaço a alta temperatura e pressão , cuja finalidade é melhorar o valor nutritivo , devido aos efeitos da hidrólise ácida através dos efeitos dos ácidos gerados durante o tratamento e afrouxamento da fração fibrosa da parede celular.
– Tratamentos por métodos químicos.

3.3 – Tratamentos químicos
O tratamento químico, atualmente é o método mais eficiente de incrementar o valor nutritivo dos materiais fibrosos para uso na alimentação animal, não afeta a atividade microbiana do rúmen, sendo seu principal efeito, a melhoria da digestibilidade da fibra, em torno de 43% a 70%, bem como o aumento protéico.
Além de solubilizar a hemicelulose sem alterar o conteúdo cristalino da celulose, o tratamento com álcali aumenta a digestibilidade, a ingestão voluntária, e o valor nutritivo do bagaço.

Amonização de subprodutos agrícolas e agroindustriais via solução de Uréia

4.3 – Tratamento com uréia
A uréia é uma substância branca, cristalina e solúvel em água. Contém aproximadamente 46% de nitrogênio e possui um equivalente protéico de 287% (46 x 6,25). Foi descoberta por Roule em 1773, e Prout em 1818 estabeleceu sua fórmula estrutural:

H2N

C = 0

H2N

Este processo é um muito seguro, relativamente barato e simples de usar, se comparado com outros métodos empregados para o tratamento de resíduos lignocelulósicos. Além do que a uréia já é bastante conhecida pela maioria dos pecuaristas e estes não teriam nenhuma dificuldade em manuseá-la.

Assim, foi sempre progressivo o interesse para o tratamento de palhas e outros resíduos pela amonização, através da uréia. O êxito do método depende da liberação enzimática da amônia, originado pela uréia em um meio aquoso.

Condições consideradas como boas para o tratar bagaço de cana-de-açúcar* com uréia

fatores como percentual de uréia, nível de umidade final, temperatura ambiente e tempo de tratamento, são decisivos para o sucesso da técnica.

– Percentual de uréia – Deve ser usado 5% com base na matéria seca;

– Umidade final – Recomenda-se 40%;

– Tempo de tratamento – Está relacionado com a temperatura ambiente, pois temperaturas amenas, prolonga-se este tempo;

– Temperatura – Em países com clima tropical, 07 dias, É O SUFICIENTE

• De modo geral, considera-se o bagaço recém produzido com 51% de umidade. Ao ficar exposto as intempéries do tempo, este resíduo perde um pouco a umidade.

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