O emprego de soluções ligadas à reprodução animal pode promover a ampliação, assim como a melhoria do potencial produtivo dos rebanhos, na medida em que apenas animais férteis, testados e portadores de valores zootécnicos e genéticos são mantidos e usados de forma racional e que aproveite todo o seu potencial.
Dentre as boas práticas de manejo reprodutivo, diversos sistemas de acasalamento podem ser empregados e sua escolha deve reunir vantagens como simplicidade e concentração das atividades, manejo em um curto espaço de tempo, bons resultados produtivos e econômicos e aproveitamento racional e máximo do potencial dos animais, especialmente reprodutores e matrizes. A estação de monta ou de acasalamento é uma prática que visa a concentrar a reprodução dos animais em um determinado tempo ou em períodos preestabelecidos à conveniência do produtor e considerando-se aspectos climáticos, de mercado, sanitários, nutricionais, reprodutivos e de bem-estar animal.
Essa prática de manejo de baixo custo não visa somente à obtenção de índices máximos de fertilidade, mas sim ao equilíbrio entre a fertilidade e a manutenção dos reprodutores, matrizes e, especialmente, de suas crias, em boas condições nutricionais e sanitárias, garantindo sua sobrevivência. A definição de um período para reprodução tem como consequência a determinação prévia da estação de parição, desmame e de todos os outros eventos relacionados ao ciclo de produção dos animais.
A possibilidade de ter lotes de animais na mesma fase de produção (cobertura, terço final de gestação, parição, lactação, desmame, abate ou venda) e faixa etária (cria, recria) permite que o produtor racionalize o manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, aproveite melhor as condições de mercado e exerça uma pressão maior de seleção sobre o rebanho. Isso, na medida em que poderá comparar, com mais facilidade, indivíduos contemporâneos submetidos a idênticas condições.
O acasalamento ou monta natural pode ser realizado na forma livre ou controlada. A maior parte da população mundial de ovinos é manejada sob condições de pastejo extensivo em grandes áreas nas quais a cobertura natural livre é amplamente adotada. O reprodutor não é usado racionalmente na monta livre, sendo as fêmeas mantidas constantemente com os machos durante todo o ano. Esse tipo de manejo leva à ocorrência de acasalamentos indesejáveis, que provocam perdas incalculáveis em razão do elevado nível de consanguinidade dos rebanhos e do subdesenvolvimento das fêmeas jovens precocemente acasaladas.
Em condições de monta livre, recomenda-se uma quantidade maior de carneiros para servir ao rebanho de ovelhas – a relação entre machos e fêmeas deve ser de um macho para 25 fêmeas a um macho para 30 fêmeas – dependendo da raça e da estação, entre outros fatores. A monta livre a campo aumenta as chances de os reprodutores sofrerem algum tipo de acidente, além de desgastá-los fisicamente, já que têm de realizar o trabalho de identificação das fêmeas em estro (desejo sexual) em todo o rebanho, muitas vezes espalhado em áreas extensas e sob condições climáticas desfavoráveis. Em média, uma ou duas coberturas ou ejaculados são suficientes, por fêmea, para se obter uma gestação a cada ciclo estral.
Na monta livre, entretanto, um reprodutor pode realizar seguidas coberturas na mesma fêmea dentro do mesmo ciclo estral e, ao mesmo tempo, deixar de atender ou atender de forma insuficiente ou em momentos menos propícios, outras ovelhas que entraram em cio. Na monta natural controlada, lotes de fêmeas são mantidos ou têm contato com um determinado macho por um tempo previamente definido durante a estação de acasalamento. Dessa maneira, é possível identificar e registrar a genealogia dos descendentes, ou seja, o produtor passa a ter conhecimento de quem é o pai daquele cordeiro que está nascendo.
A monta natural controlada pode ser feita de forma ainda mais racional, poupando-se o reprodutor de riscos e desgastes desnecessários. Uma dessas maneiras é o uso da chamada monta controlada noturna. Durante a estação de acasalamento, as ovelhas pernoitam com determinado reprodutor, por aproximadamente 12 horas. Ao longo da noite, período, inclusive, em que ocorre grande parte das manifestações de cio, as ovelhas são cobertas e essa ocorrência pode ser ou não registrada individualmente pelo uso de burçal marcador fixado ao carneiro. Essa técnica é comum em sistemas semiextensivos, sendo recomendada nesses casos uma proporção de um carneiro para cada grupo de 50 a 80 ovelhas.
A monta controlada dirigida é um método frequentemente usado em criações mais tecnificadas e em sistemas intensivos ou semiextensivos. Consiste, basicamente, em levar as fêmeas detectadas em cio por meio de rufiões até a presença do reprodutor para que seja realizada a cobertura. Nesse sistema é recomendada uma proporção de um carneiro para cada 100 ovelhas ou até mais. A grande vantagem desse sistema é que, além de poupar o carneiro, tem-se total controle sobre a data de cobertura e, consequentemente, do parto, do desempenho reprodutivo do reprodutor e da matriz e os riscos que ameaçam a higidez (estado de saúde) dos animais, como exposição a doenças das fêmeas e traumas provocados por cabeçadas.
Independentemente do nível de racionalização e técnica usada, deve-se considerar que as ovelhas jovens que nunca pariram têm características peculiares que as diferenciam das matrizes adultas. As marrãns, fêmeas jovens, apresentam com frequência ciclos estrais irregulares e cios curtos com ovulações silenciosas, ou seja, elas ovulam sem manifestação evidente de cio. São, geralmente, menos atrativas aos machos e cobertas em menor frequência, quando comparadas às ovelhas adultas e experientes. Por esses motivos, recomenda-se dar pelo menos duas chances a essas fêmeas para que fiquem gestantes antes de ser descartadas. Ou seja, aquelas fêmeas jovens ou nulíparas que não gestarem, quando submetidas à primeira estação de acasalamento, devem ter uma nova chance na estação seguinte.
Existem diversas tecnologias disponíveis para aumentar a eficiência dos sistemas de produção de ovinos, desde as mais simples às mais sofisticadas. As empresas e instituições de extensão e pesquisa, como a Embrapa, têm um grande acervo de resultados e de experiências em diferentes níveis de complexidade que deve ser explorado pelo criador. A eficiência dos diversos métodos naturais de acasalamento depende da realidade de cada sistema de produção. Não existe um método melhor do que outro e, sim, aquele mais adequado a cada situação. Na medida do possível, deve-se adotar a racionalização do uso dos reprodutores e a organização do manejo do rebanho, mas o nível mais adequado deve ser decidido pelo próprio produtor de ovinos.