Agronegócio

A pecuária brasileira precisa voar mais alto

A pecuária brasileira dobrou seu rebanho nos últimos 36 anos, passando de 102,5 milhões de cabeças para 204 milhões. No mesmo período, as pastagens diminuíram 8%, ou seja, no passado estávamos com 165,7 milhões de hectares, hoje estamos com 152 milhões hectares de pastagens. Isso nos mostra que os pecuaristas melhoraram sua eficiência, mas estamos muito longe de termos uma pecuária robusta. Nos EUA, por exemplo, mais de 90% dos animais são terminados em confinamento. No Brasil chegamos a míseros 5%. O fato é que a pecuária norte-americana é três vezes maior que a brasileira. Na média, o Brasil atinge 0,7 unidade animal (UA).

Mas nem tudo é problema em regiões mais eficientes, que investem em tecnologia, chegamos a 3 UA. E por que não fazermos isso em todo o Brasil? Será que falta tecnologia? Ou falta é coragem? Nós produtores tratamos a pecuária como uma atividade mais tranquila em que podemos deixar os animais ao alento. Contamos com a certeza de que vão se reproduzir. Qual o custo disso? Nossa média de natalidade (nascimento/ano) gira em torno de 60%, ou seja, para cada 100 matrizes nascem 60 bezerros. Isso significa que 40 matrizes estão comendo e bebendo à custa do pecuarista. Isso, senhores, se não tivermos mortalidade, que gira em torno de 8% nas propriedades brasileiras.

E a sanidade animal? Ainda identificamos produtores que compram as vacinas, mas por falta de interesse as descartam. Quem paga o preço por isso? Amigos, todos nós sofremos quando são registradas notícias que afetam o setor. Será que não está na hora de tratarmos nossa pecuária como um grande negócio? Queremos aumentar nossa produção e nossos índices. No entanto, para isso, precisamos investir em formação de pastagens – o maior bem de uma fazenda de bovinos. Também é necessário aplicar recursos na análise de solo, correção de solo, cuidados com sanidade animal, controle do rebanho, investimento em genética, consórcio de diferentes vertentes da pecuária, cria, recria e engorda. Esses são alguns itens que nós pecuaristas precisaremos melhorar.

Por fim, ressalto que não há receita de bolo na pecuária. Os desafios, os problemas e as soluções caminham juntos. Precisamos identificá-los e aplicá-los em nossos campos e atividades. Isso tudo tem um preço. Se não analisarmos corretamente, pode sair mais caro do que podemos imaginar.
Tudo isso é possível: voar para grandes conquistas requer muito esforço e dedicação. Mas uma nova revolução na pecuária brasileira precisa ser feita, e rapidamente. Galgar novos voos e melhores resultados é preciso. É nisso que eu acredito. E você, pecuarista?

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