Artigos

A importância de um bom manejo da cama na fase inicial dos frangos

Após a criação de um lote de frango, a cama consiste em média de 14% de proteína bruta, 16% de fibra bruta, 13% de matéria mineral e 0,41% de extrato etéreo. Essa composição é rica em nutrientes para os padrões das formas de vida bacteriana presentes na cama. Quando os frangos estão presentes o pH varia entre 6 e 9, a atividade de água atinge facilmente os índices de 0,90 e as temperaturas variam de 20 a 32º C, dependendo da semana de criação. A composição da cama aliada a esses fatores físicos constitui um ótimo ambiente para a multiplicação de bactérias, dentre as quais se encontram a maioria das bactérias da microbiota fisiológica intestinal quanto as enterobactérias patogênicas (causadores de doenças).

Para maior eficiência produtiva e segurança alimentar dos frangos enviados ao abatedouro, se utiliza uma camada de cama com capacidade de absorção e evaporação para evitar o contato das aves com suas próprias fezes. A remoção da cama entre lotes depende especialmente da longevidade do material utilizado, da ocorrência de episódios de ordem sanitária e de disposições legais ou da pressão do mercado.

A produção de um lote de frango, de maneira geral, é maior quando criados sobre cama de boa qualidade. Dermatites, ulceração da almofada plantar (calo de pé) e calo de peito, por exemplo, são afecções diretamente ligadas à baixa qualidade da cama. Esta qualidade, por sua vez, está relacionada ao tipo de bebedouro, ventilação, material, e espessura da cama utilizada (no mínimo 6 cm de altura, ou 72 m³ para aviários de 100m e 93m³ para 130m ), densidade populacional. Recentemente, novas preocupações com bem estar animal também atentaram para a criação de frangos sobre cama de boa qualidade, em relação a umidade reduzida para que as aves exerçam seu instinto de “banhar-se em poeira”. Outra preocupação recente é a redução da concentração de patógenos na cama, sobretudo pela aplicação de métodos comprovadamente eficiente de inativação de microorganismos empregados entre lotes, para evitar quadros patológicos (fermentação em 2 leiras, utilização de cal virgem – 400g / m² e fermentação com lona plástica em 100% do aviário).

Importantes patógenos aviários estão frequentemente presentes na cama. Estes são, via de regra, oriundos no aviário de lote para lote, na própria cama ou albergados em reservatórios que escapam à desinfecção, como os cascudinhos ou roedores. Outra fonte de recontaminação para os pintos são restos de cama que permanecem em volta do aviário e escapam à desinfecção.

Para ter uma boa área de alojamento, a cama deverá estar distribuída de forma uniforme, com partículas finas e secas, no qual o produtor antes de alojar as aves, terá que promover um bom manejo, retirando os cascões, picando bem a cama, ventilando o aviário para que a cama fique completamente seca e fofa, sem acúmulo de gás de amônia. A distribuição de equipamentos no alojamento também é de grande importância, principalmente os tubulares infantis (1 para cada 100 aves), que tem o objetivo de facilitar o consumo de ração e a água que deverá ser dimensionada a quantidade de bicos/pintos, de acordo com a estação do ano (inverno – 35 bicos/pintos e verão 30 bicos/pintos).

Os cascões e a umidade na cama são responsáveis por provocar o calo de pé nos pintainhos, sendo que o calo é produzido até os 14 dias de idade, pois a almofada plantar das aves é mais sensível nessa idade. Relatos dizem que ao mexer a cama em até 2 semanas, reduz para 1/3 a formação de calo de pé nas aves. Desta forma orientamos que se tenha boas condições de pré alojamento da cama e durante a fase inicial de vida da ave, mexendo a cama diariamente para evitar tais lesões.

Devemos nos atentar também com a temperatura da cama entre 30º e 32º C, antes da chegada dos pintainhos, inclusive nas estações do ano em que as temperaturas são mais baixas.

Um dos pontos mais importantes do manejo inicial dos pintos e que tem sido negligenciado, é o aquecimento do ambiente. A ave, por ser um animal homeotérmico, tem habilidade para manter constante a temperatura dos órgãos internos. A ave necessita de alimento adicional para produção de calor, mas, além disso, tem que manter a taxa de crescimento e, em alguns casos, melhorá-la. Se a temperatura ambiente não se encontra próxima das exigências térmicas de conforto das aves. Grande parte da energia ingerida na ração que poderia ser utilizada para produção é desviada para manutenção do sistema termorregulador da ave.

Para que não ocorram esses problemas nos primeiros dias de vida, deveremos aquecer o aviário com antecedência, (18 horas antes para o inverno e 8 horas para o verão) principalmente na primeira cama, pois ela demora mais tempo para absorver o calor fornecido artificialmente.

Precisamos ficar atentos na qualidade da cama, temperatura, uniformidade e quantidade de equipamentos na área do alojamento, pois é nos primeiros 7 dias de vida que a ave deverá atingir o máximo de crescimento, Caso contrario grande perda nessa fase trará prejuízos com o crescimento compensatório até o final do lote.

Clique aqui para Comentar

Você precisa fazer o login para publicar um comentário. Logar

Deixe sua Resposta

Mais Lidas

Topo