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Sem secar o leite

Criadores de gado leiteiro do Norte de Minas melhoram a alimentação dos animais para minimizar os prejuízos

Quando falta chuva, o pasto também é reduzido e o custo de manutenção do rebanho aumenta. Mesmo assim, compensa a produção de leite no período da estiagem prolongada? “Compensa, desde que o produtor tenha uma boa estrutura e não deixe que ocorra uma quebra nutricional do animal”, afirma Otaviano de Souza Pires Júnior, presidente da Associação dos Criadores de Gado de Leite (ACGL) do Norte de Minas e também diretor de Pecuária Leiteira da Sociedade Rural de Montes Claros.

No Norte de Minas, área que sofre com as constantes secas, há cerca de 3 mil produtores de leite. De acordo com dados da ACGL, no período das chuvas (outubro a março) a região produz cerca de 450 litros de leite por dia, o que representa em torno de 5% da produção estadual (8 milhões de litros/dia). Na época da seca, a produção de leite na região norte-mineira sofre uma queda, mas continua significativa: em torno de 250 litros por dia.

Para mostrar o potencial da atividade na região, a Associação dos Criadores de Gado Leite promoveu a terceira edição do torneio leiteiro durante a Exposição Agropecuária de Montes Claros (Expomontes), encerrada ontem. No concurso, foi demonstrada a importância da alimentação do rebanho no período da estiagem para conseguir uma boa média da produção leiteira e também obter lucros.

Conforme Otaviano Pires Júnior, se o pecuarista tiver boas condições para a alimentação de suas matrizes ele alcança uma rentabilidade da ordem de 20% a 30% na atividade na produção de leite no período da seca. Ele destaca que o produtor consegue superar a falta de pasto durante o período de seca com o conhecimento de tecnologias e com o emprego de práticas que garantam a boa qualidade do rebanho durante a seca. Entre as medidas que devem ser adotadas, o presidente da ACGL no Norte do estado destaca outras práticas importantes: o pasto irrigado com água de poço tubular ou outro manancial, o plantio de milho e sorgo para durante o “período das águas”, a formação de capineira para alimentar o gado na época da estiagem e o uso de ração balanceada (“volumoso”). “Pode-se usar cana e silagem de milho e sorgo, além de concentrados de farelo de milho e soja como complemento da dieta dos animais”, observa Pires Júnior.

Ele observa que no projeto de irrigação do Jaíba, situado no município homônimo, no Norte de Minas, já existem agricultores que fazem o cultivo do conhecido capim-vaqueiro (Cynodom dactylon), com o objetivo exclusivo de produzir e vender feno para os criadores da região. Otaviano Pires Júnior lembra que esse capim apresenta um rápido crescimento com o plantio irrigado – e bem adubado –, chegando ao ponto de corte com apenas 24 dias. Além disso, tem alto valor proteico, com uma produtividade elevada – de 10 toneladas por hectare.

Ainda conforme o diretor da Sociedade Rural de Montes Claros, o fardo de feno do capim-vaqueiro é vendido aos produtores norte-mineiros ao preço de R$ 140 o fardo de 250 quilos. Essa quantidade é suficiente para alimentar 25 animais em um dia, já que o consumo médio de cada vaca em lactação é de 10 quilos por dia. Otaviano Pires Júnior ressalta que o criador de gado leiteiro sempre deve buscar a orientação técnica para que possa alimentar seu rebanho de maneira correta, evitando prejuízos. “Para garantir a boa alimentação dos animais, o produtor deve contar com consultoria técnica. Ele deve entender que o técnico é um parceiro que vai contribuir para aumentar os ganhos, que deve ser visto como um investimento que dar retorno e não como despesa apenas”, observa.

O produtor Epifânio Vicente da Silva, dono de uma fazenda no município de Engenheiro Navarro (Norte do estado), recorre à alimentação balanceada para manter o gado leiteiro durante o período da estiagem. Ele tem 55 vacas – das raças holandesa e girolanda – em lactação e consegue uma produção elevada mesmo no período da seca: 1.165 litros de leite por dia.

Epifânio recorre à silagem de sorgo, que produz na propriedade. No último período chuvoso, plantou 15 hectares de sorgo e conseguiu uma produtividade de 52 toneladas por hectare. “A silagem que fizemos vai dar para atravessar o período da seca neste ano.”

 

Por: Luiz Ribeiro

Fonte: Jornal Estado de Minas

Data: 14/07/2014

 

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