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Raças de Suínos

O uso de vacinas e medicamentos para controle de enfermidades enfrenta barreiras de custo, segurança alimentar e ambiental. Já a seleção genética, pelos procedimentos convencionais, torna-se praticamente inviável em razão da necessidade de desafiar os animais na presença da doença. Neste contexto, a identificação de marcadores genéticos para resistência a determinada doença ou mesmo resistência geral a enfermidades, possibilita, com precisão, produzir indivíduos resistentes.      

Uma outra importante aplicação dos marcadores genéticos é para criar produtos diferenciados para exigências específicas do mercado, identificando individualmente animais portadores de um determinado marcador em uma população. Além desta, o uso dos marcadores possibilita reduzir o atraso genético das granjas comerciais.

Fora dos programas regulares de melhoramento genético de suínos, os marcadores genéticos também encontram importantes campos de aplicação. É o caso do seu uso para rastreabilidade de produtos específicos, como acontece quando se quer comprovar se produtos comerciais oriundos de uma determinada raça ou linha, de fato o são. O mesmo se aplica quando se quer comprovar se determinados animais utilizados para reprodução são, de fato, oriundos de determinadas linhas genéticas ou de determinados ancestrais.

Existe, no momento, pouco mais de uma dezena de marcadores genéticos em uso nos programas de seleção. Por outro lado, o número de marcadores conhecidos e em fase de validação já se aproxima de uma centena. Isto mostra que estamos ainda em uma fase inicial do conhecimento e uso dos marcadores genéticos e, portanto, espera-se uma grande evolução dos conhecimentos e aplicação desta técnica nos próximos anos.

Atualmente, dois fatores têm sido de fundamental importância para o direcionamento do melhoramento genético de suínos: o reconhecimento, por parte dos geneticistas, de que os suínos competem por alimentos que podem ser incluídos na dieta humana e, a competição em nível de mercado com produtos de outras espécies domésticas, sendo a competição com produtos de frango de corte o exemplo mais evidente. 

O melhoramento genético e as condições de criação proporcionaram frangos de corte mais precoces ao abate e mais eficientes na transformação do alimento consumido em carne, reduzindo seu preço final em relação ao de suínos. Assim, para aumentar a competitividade do setor suinícola, o melhoramento genético de suínos deve ser intensificado com objetivo de produzir animais com maior precocidade sexual e capacidade reprodutiva; maior velocidade de crescimento, maior eficiência alimentar e maior rendimento de carne de boa qualidade na carcaça. 

A utilização de melhores raças disponíveis, em conjunto com melhoramento genético por meio de seleção e de sistemas de cruzamentos, são os principais meios que disponíveis para melhorar a eficiência produtiva e reprodutiva dos suínos. O uso de cruzamentos aponta como principais vantagem a produção de heterose, a incorporação de material genético desejável em apenas uma ou duas gerações e a utilização da complementaridade, associando-se características desejáveis de duas ou mais raças ou linhagens. 

A exploração dessas vantagens na produção de suínos é possível graças à divergência genética evidenciada, entre as raças, para muitas das características de importância econômica. 

O sistema de produção de suínos apresenta estrutura piramidal, na qual se encontram em seu ápice os rebanhos núcleos, onde são realizados os programas de melhoramento (testes e seleção), cujo material genético selecionado é repassado para o estrato inferior representado pelos rebanhos multiplicadores, que o multiplica por meio de cruzamentos, para então chegar aos rebanhos comerciais, nos quais são produzidos os suínos para abate.

A eficiência do programa de melhoramento genético depende da precisão com que os indivíduos submetidos à seleção são avaliados. Os métodos de avaliação genética animal têm sido, ao longo das últimas décadas, modificados de forma que lhes sejam acrescentados propriedades desejáveis. Essas alterações foram ocasionadas, principalmente, pela aplicação da teoria de modelos lineares à genética quantitativa. 

Atualmente, a metodologia de modelos mistos para avaliação genética de suínos tem sido empregada e recomendada por vários pesquisadores em melhoramento animal, por fornecer estimativas não viesadas de efeitos genéticos, comuns ou permanentes de ambiente e de grupo de animais, efeitos maternos e de endogamia, efeitos de seleção, dentre outros. Tal metodologia foi denominada Best Linear Unbiaseb Prediction – BLUP (Melhor Predição linear Não-Viesada) e consiste, basicamente na predição dos valores genéticos, tomados como aleatórios, ajustando-se os dados, concomitantemente, aos efeitos fixos e ao número desigual de informações nas subclasses.

Para aplicação desse método, faz-se necessário o conhecimento prévio dos componentes de variância e covariância, que geralmente não são conhecidos. Contudo, esses componentes podem ser estimados por vários métodos, sendo o da Máxima Verossimilhança Restrita (REML) recomendado para modelos lineares mistos e dados desbalanceados. 

Outro aspecto importante no melhoramento genético de suínos está relacionado ao uso de marcadores moleculares associados à características quantitativas. Um exemplo que pode ser dado é o gene da Síndrome do Halotano, que está associado ao problema de PSS (síndrome do estresse porcino) mas, por outro lado, apresenta efeitos positivos no crescimento e na quantidade de carne na carcaça. Além do gene da Síndrome do Halotano, vários outros genes e microssatélites marcadores estão sendo identificados, e o mapa genético suíno já é um dos mais completos entre as espécies domésticas.

A utilização da moderna biotecnologia na produção suinícola ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças, através de anticorpos monoclonais e vacinas mais precisas e eficientes; promotores de crescimento; manejo de dejetos; grãos geneticamente modificados, sendo mais baratos e mais ricos em nutrientes, e melhoramento genético.

O melhoramento genético visa, principalmente, melhorias na saúde, dando resistência às doenças e defeitos congênitos; melhoria na qualidade da carne e nas características de produção, como prolificidade, habilidade materna, conversão alimentar e taxa de crescimento. Atualmente, as atenções têm se concentrado em 3 pontos principais: redução da gordura, melhoria da eficiência alimentar e favorecimento do crescimento do tecido magro para maximizar o desempenho dos suínos em terminação e na qualidade da carcaça.

Esta estratégia tem levado a um menor favorecimento da performance reprodutiva a longo prazo das fêmeas do plantel. Como cada vez mais o consumidor exige carne suína magra, deve-se envidar esforços para aumentar a taxa de crescimento de tecido magro do rebanho através de melhorias do material genético. O crescimento do suíno é resultado de inúmeros processos biológicos, sendo que o genótipo do animal é que determina o nível máximo em que estes processos podem ocorrer, enquanto fatores ambientais tais como estado sanitário, nutrição, temperatura ambiente, entre outros, determinam o grau em que o potencial genético é expresso.

Para se aumentar os índices produtivos de uma criação, é preciso utilizar machos e fêmeas de alto valor genético no plantel de reprodutores. Os ganhos genéticos ocorrem quando uma seleção dos melhores animais é feita continuamente para determinadas características de importância econômica. As raças, por serem bastante variadas entre si, são importantes para se obter ganhos genéticos pela ação aditiva dos genes, que têm efeitos permanentes. Deve-se, então, aproveitar a variabilidade das raças explorando os efeitos aditivos e não-aditivos dos genes.

A curva de crescimento dos diferentes tecida do corpo do suíno difere de acordo com o seu genótipo. Suínos de genótipo superior são capazes de otimizar o potencial de ganho de carne magra, com maior rapidez e economia, desde que sejam atendidas as suas necessidades nutricionais. O genótipo de baixo potencial alcança seu ponto máximo de ganho de tecido muscular, por volta dos 35 – 50 kg de peso corporal. Seu “pico” de maior ganho é baixo e a fase de “crescimento constante” ocorrerá num nível inferior, facilitando uma maior disposição de gordura. Seu peso ideal de abate ocorrerá por volta de 90 kg, pois após essa fase, a maior parte do seu alimento será destinada à produção de gordura.

Por outro lado, o suíno de melhor genótipo atinge um maior “pico” de deposição de tecido muscular e continua depositando massa muscular na fase de “crescimento constante” em quantidade superior ao de baixo genótipo. Sua deposição de gordura é mais tardia, o que permite abatê-lo aos 105 kg, sem prejuízo de sua eficiência alimentar. Estes animais superiores exigem uma maior ingestão diária de proteína e aminoácidos, mas devido aos seus ganhos de peso, são muito eficientes economicamente. Quanto maior for o “pico” de deposição de carne magra, menor será o tempo que o suíno levará para atingir o peso de abate.

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