Após sucessivas altas nos valores repassados ao produtor, estima-se uma estagnação no preço do leite para que não haja recuo na demanda. O presidente da Leite Brasil – Associação Brasileira dos Produtores de Leite -, Jorge Rubez, disse ao Valor Econômico que o produto atingiu o teto para o consumidor e os preços, negociados em torno de R$ 1,083/ litro na média nacional do mês de abril não devem chegar a R$ 1,50/ litro, independente do período de entressafra.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Alvim, contou ao Valor que os preços na região não só se estabilizaram como até entraram em um movimento de queda. “A demanda subiu muito. Saímos de um patamar de 147 para 180 litros per capita em um espaço de tempo de três anos. Até o ano passado o produtor estava sendo bem remunerado no mercado interno e isso não deve permanecer porque não há mais espaço”, avalia.
Segundo Alvim divulgou ao Valor, o estado de Minas Gerais é responsável por cerca de 28% da produção nacional de leite, aproximadamente, 8,9 bilhões de litros por ano. “Indo mais além, alguns pecuaristas refletem a redução nos repasses à alimentação da vaca, fator que pode comprometer até a próxima safra”, completa.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostram que o preço líquido pago ao consumidor em abril (sem frete e impostos) teve média de R$ 0,9995/litro, valor 6,11% maior que o do mês anterior e 7,77% superior ao de março de 2013, em termos reais.
Segundo o instituto, este aumento esteve atrelado principalmente à queda na produção em março, em função do início da entressafra em algumas regiões produtoras. Essa menor oferta elevou a competição entre as indústrias quanto à matéria-prima, com consequente aumento nas cotações negociadas.
“Porém, a valorização nos preços que muitos produtores estão esperando não vai acontecer porque não cabe no bolso do consumidor”, afirmou Rubez ao Valor. Para o presidente da Leite Brasil, questões como o endividamento das famílias fazem com que o produto final não aumente os níveis de consumo, mesmo com a chegada das estações mais frias.
De acordo com o Valor Econômico, na região Sul, onde a entressafra sazonalmente começa mais cedo, os valores repassados ao pecuarista já acumulam avanço de 15,46% no acumulado do ano. A variação climática na região colaborou para a redução na oferta nos primeiros meses do ano e colaborou para a alta nos preços.
Mercado externo
Alvim, que também é presidente da Comissão Nacional de Pecuária do Leite na Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e presidente da Câmara Setorial de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), explicou ao Valor que os valores atuais de negociação do produto no mercado internacional e o câmbio tiram a competitividade brasileira.
“Um exemplo disso é a Argentina, que tem autorização contratual para exportar até 3,6 toneladas de leite em pó para o Brasil e no ano passado exportou 2,5 toneladas. Ou eles não puderam ou não quiseram por optarem para outro mercado mais competitivo, como a China, por exemplo, que tem recebido a produção argentina”, destaca o presidente.
Com relação às importações, o representante da Leite Brasil, Jorge Rubez, enfatiza que o País não é dotado de um grande know-how para exportação, mas a compra no mercado externo também não deve aumentar por conta da estabilidade na demanda.
As informações são do Valor Econômico.
Fonte: Milkpoint