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Mandioquinha-salsa mexe com a economia e ganha espaço em SC

Cultura ganha cada vez mais espaço nas pequenas propriedades.

No município de Angelina, raiz aumentou a renda do produtor.

O município de Angelina tem uma população rural bem maior que a urbana, são 4,1 mil habitantes contra 1,1 mil, e a força que vem da área agrícola gira sua economia muito por causa dessa raiz, originária dos Andes.

A mandioquinha-salsa é um desses produtos do campo que recebem nomes diferentes pelo Brasil afora. No Rio Grande do Sul, pode chamá-la de pastinaca. Em Santa Catarina, de batata-aipo. No Paraná, batata-salsa. No Rio de Janeiro, Espírito Santo e em Minas, batata-baroa, e em São Paulo, ela é conhecida apenas como mandioquinha. Existem ainda, pelo menos, outras 25 maneiras de designar a raiz.

Em Angelina, as lavouras de mandioquinha variam de 1 a 4 hectares por propriedade e a mão-de-obra familiar é a base da produção.

A lavoura foi se expandindo pelo município pouco a pouco e há cerca de 18 anos ganhou um tratamento comercial nas pequenas propriedades de Angelina. De lá para cá, o município que antes produzia 50 hectares multiplicou a área por sete e hoje planta algo em torno de 350 hectares, chegando a colher 4 mil toneladas por ano.

Isso só foi possível graças a uma variedade desenvolvida pelo agrônomo Fausto dos Santos, que dedicou uma vida de estudo sobre o assunto. Hoje Fausto está aposentado e as pesquisas foram realizadas quando ele ainda trabalhava na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, em Brasília.

Para encontrar o material ideal, o pesquisador percorreu mais de 30 municípios em cinco estados. Recolheu mais de 10 mil tipos de sementes até chegar à cultivar que batizou de “amarela de Senador Amaral”, uma homenagem à cidade do sul de Minas onde descobriu a planta-mãe. “A vantagem dela em relação às variedades comuns é a redução de ciclo. A amarela comum tinha um ciclo muito longo, 14, 16 até 18 meses. A senador amaral é possível colher, em algumas situações, em 8, no máximo 12 meses”, explica.

Ainda sobre as vantagens no campo, Fausto ressalta o ganho no rendimento.

Com tantos atributos, a variedade se tornou a mais plantada no Brasil e está presente em, pelo menos, 90% dos 20 mil hectares ocupados com a lavoura no país.

Antes desse sucesso todo, a variedade foi testada em oito estados, mais o Distrito Federal, e a propriedade de Nelson Hames foi uma das selecionadas.

Confira o vídeo com a reportagem completa e a técnica da multiplicação, que vem sendo aprimorada ano a ano.

De maio a agosto, a colheita e o plantio da mandioquinha são as tarefas que se alternam no dia a dia das propriedades. Nas áreas mais íngremes, tem agricultor que adotou a técnica do plantio direto na palha, como forma de melhorar a produtividade e preservar o meio ambiente.

Nas áreas de morro, onde não entram máquinas, o trabalho tem que ser feito com tração animal e criatividade.

Em outro morro de produção de mandioquinha, o Secretário de Agricultura de Angelina, Rodrigo Hames, conta que a lavoura está presente em 150 propriedades e faz os cálculos da participação que tem na economia. “Cerca de R$ 6 milhões da renda do município vem da mandioquinha salsa, isso representa cerca de 30% da renda total”, diz.

Por causa disso, a mandioquinha tem garantido ainda a permanência da população no campo.

“Antes da minha geração existiu um êxodo rural muito grande no município, que hoje não acontece mais. Eu sou filho de agricultor, meus pais são agricultores, minha família toda é de agricultor e hoje meus primos, todos jovens, continuam na agricultura”, acrescenta Rodrigo.

A fartura de mandioquinha no campo despertou a criatividade na cozinha. Ao longo dos anos foram inventadas, pelo menos, 50 receitas com a raiz, entre salgados e doces, como a sobremesa de pudim de mandioquinha-salsa.

Ingredientes

2 xícaras de chá de farinha de trigo

4 ovos

2 xícaras de chá de açúcar

2 xícaras de chá de mandioquinha, cozida e amassada

1 xícara de chá de leite condensado

700 ml de leite

Calda

1 e ½ xícara de chá de açúcar

Modo de preparo

Misture tudo no liquidificador e bata por 10 minutos, até virar um creme. À parte, derreta o açúcar reservado para calda. Em uma forma já untada com manteiga, coloque o caramelo, depois a massa do pudim e leve ao forno, já pré-aquecido a 200ºC por 30 minutos, tempo suficiente para reunir a família.

A lavoura que gera renda também promove a confraternização.

 

Fonte; Globo Rural

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