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Linhaça no combate à cólica e laminite dos cavalos

A linhaça, que tem sido utilizada com inúmeros benefícios para a saúde humana, aos poucos vem ganhando seu espaço na alimentação de animais. Vários criatórios de cavalos do Brasil têm se rendido ao produto, capaz de reduzir em demasia os índices de cólica e laminite na tropa, além de proporcionar uma melhoria considerável nos aspectos de pêlo e crinas. Os especialistas atribuem a ela, em se tratando de humanos, amplos benefícios, como a sua capacidade de regular as funções intestinais, auxiliar no tratamento da diabete e diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Também atua no crescimento e desenvolvimento infantil, no equilíbrio hormonal, na melhora de aspecto de cabelos, pele e unhas, bem como tem apresentado bons resultados na prevenção de câncer de mama e próstata. 

Para os animais, a linhaça vem sendo administrada na forma de farinha integral ou óleo prensado a frio, o que significa com raras exceções que o processo industrial possa ser denominado justa e seguramente como beneficiamento, já que mantém intactas suas qualidades nutricionais. O ideal é que ambos, tanto na forma líquida como sólida, sejam fornecidos em pequenas doses misturados à ração, cada um na sua devida proporção.

A linhaça nada mais é que uma planta herbácea que produz uma semente oleaginosa com altos teores de gordura vegetal e impressionantemente superiores a todos os vegetais e comparáveis apenas a alguns peixes de água gelada como o salmão. Vale ressaltar que a linhaça tem 38% de gordura vegetal, enquanto a aveia 4,7% e o milho 3,9%. 

Conceição Trucom, bacharel em Química pela UFRJ desde 1977 e estudiosa do assunto, elucida no seu livro A Importância da Linhaça na Saúde que esta planta tem uma relação histórica com os cavalos. “Tem (a linhaça) origem histórica na Ásia e no norte da África, onde os animais de grande porte como o cavalo, por quase dois milhões de anos, elegeram-na como alimento hiperconcentrado de energia e valor protéico, possibilitando que sobrevivessem aos mais rigorosos invernos”. 

Apesar de não existirem estatísticas a respeito, a cólica pode ser considerada como umas das principais causas de óbitos dos cavalos e a laminite a maior abreviadora de carreiras atléticas entre os eqüinos. O principal gatilho dessas doenças tão perigosas está na pressão alimentar a que são submetidos os cavalos atletas ou de exposição. O excessivo aporte alimentar para manter os animais superalimentados, com o objetivo de darem o máximo de si nas suas categorias esportivas ou nos julgamentos das exposições, pode comprometer a capacidade digestiva deles. E é aí que entra a farinha de linhaça integral e o óleo de linhaça. 

De acordo com Gustavo Braune, médico veterinário especializado em cavalos, acupunturista, professor e estudioso brasileiro de alimentação eqüina, a utilização da linhaça na alimentação de eqüinos implicaria na redução da quantidade de concentrado ao cavalo, o que, segundo ele, é altamente favorável para quem tem estômago pequeno e para quem é atleta 24 horas por dia. “Isto evita a ocorrência da pior e mais freqüente doença dos cavalos – as cólicas gastrointestinais”.

Quanto às demais propriedades e benefícios da linhaça, Conceição Trucom escreve ainda; “Nas rações de eqüinos e de gado, o farelo e óleo de linhaça bruto costumam ser empregados como suplementos de ômega-3 em contraponto ao excesso de ômega-6 encontrado no milho da ração, de modo a promover um equilíbrio na proporção entre eles, reduzindo a freqüência de desordens orgânicas nesses animais, como inflamações e hipertensão. No tratamento de animais utilizados em exposições e competições, esses derivados da linhaça ajudam a melhorar o aspecto geral do animal (inclusive pêlos e crinas) e seu desempenho energético”.

A linhaça pode se configurar num “santo remédio” para quem precisa trabalhar a curto prazo animais que estão no em regime de pasto para participarem, por exemplo, de leilões. Por mais que eles estejam gozando de plena saúde, nunca estão prontos para a festa. Falta um pouco de carne ou uma musculatura mais definida. Crinas, cauda e cascos normalmente não apresentam o viço necessário. 

Se um animal precisa em média de três meses na baia com trato especial para chegar lá, Braune garante que com a linhaça em farinha mais o óleo é possível abreviar este tempo de recuperação do animal para 45 dias. Afirmou ainda, que é possível reduzir esse custo à metade. “E o mais importante, ele chega com seguro saúde, pois quem tem pouco tempo, mas adotou a linhaça não tem cólica ou aguamento”, garantiu.

Na alimentação do gado, Conceição Trucom relata em seu livro que “por suas propriedades diuréticas, o farelo (de linhaça) costuma ser direcionado também para a alimentação do gado leiteiro, objetivando o aumento da produção de leite. Outro aspecto interessante é que o gado tratado com o farelo produz uma manteiga de melhor qualidade, de textura mais macia e cremosa, além de mais saborosa.”

A linhaça é originária do Oriente Médio, mas cultivada em diversos países de clima temperado da Europa e da América. No Brasil é encontrada no Rio Grande do Sul.

 

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