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Instituto FNP avalia efeitos do PAC para o agronegócio

Confira entrevista com José Vicente Ferraz – 24/01/2007 – 10:21

O setor do agronegócio recebeu com desapontamento o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conjunto de medidas anunciadas em 22 de janeiro pelo presidente Lula para tentar destravar a economia incentivando investimentos públicos e privados.

A principal crítica refere-se à falta de medidas diretas para o setor, que embora seja o segmento da economia que mais contribuiu com os excelentes saldos comerciais obtidos pelo País nos últimos anos, sequer foi citado no anúncio do Programa.

José Vicente Ferraz, diretor do Instituto FNP, avalia o PAC e explica por que o setor ficou com o sentimento de ter sido deixado em segundo plano. Em sua análise, Ferraz critica a falta de planejamento de longo prazo no País e sinaliza que o setor precisa mesmo é de mudanças na política econômica neste momento. Confira entrevista.

O que muda para o agronegócio com o anúncio do PAC?
Infelizmente, se houver algum efeito para agronegócio, será indireto. Na prática, não estão previstas medidas de apoio específico e de estímulo ao crescimento do setor. Talvez a medida que mais possa favorecer o agronegócio seja o investimento em logística de transportes, mas o montante anunciado é pequeno relativamente às necessidades. Além disso, está voltado essencialmente para o modal rodoviário, que embora seja o mais utilizado para transporte de cargas agrícolas no Brasil, é altamente ineficiente para a movimentação de grandes safras. É preciso considerar ainda que o investimento inclui uma participação da iniciativa privada que ninguém pode garantir que ocorrerá. Tampouco garante o destravamento das amarras ambientais que impedem muitas iniciativas necessárias de prosperar.

Os investimentos em logística devem beneficiar quais setores principalmente?
Pode beneficiar em primeiro lugar a agricultura de grão do Centro-Oeste, talvez o setor sucroalcooleiro, que se expande para a região Centro-Norte.

Qual sua análise geral do PAC?
Lamentavelmente, trata-se de mais um “pacote” que evidencia a falta de planejamento de longo prazo, de medidas estruturais neste País. Depois de quatro anos de governo Lula, continuamos sem um verdadeiro projeto para o País.

Qual seria um posicionamento interessante do governo para o setor?
O que estimularia de fato o agronegócio seriam mudanças na política econômica, principalmente cambial. Outras mudanças estruturais importantes seriam a implementação de uma política eficaz de Seguro Agrícola, a formulação de uma política estável de financiamento para a agropecuária e o investimento em pesquisa e desenvolvimento para garantir a dianteira que o Brasil conquistou e está ameaçado de perder na tecnologia agropecuária para as condições tropicais.

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