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Governo suspendeu avermectina para manter exportações

Decisão foi tomada para não prejudicar as exportações aos Estados Unidos

Em reunião com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), nesta quarta-feira (11/06, o ministro da Agricultura, Neri Geller, justificou que a decisão de suspender o uso de avermectina de longa ação – como são chamados os vermífugos para bovinos aplicados para eliminar carrapatos – foi tomada para não prejudicar as exportações aos Estados Unidos.

 

“O ministro disse que existia o risco de perder o mercado norte-americano”, contou o consultor técnico da FPA, Ênio Marques. Instrução normativa Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), editada em 29 de maio, suspendeu o uso do remédio que exige que o gado fique de quarentena, de até seis meses, até que as substâncias químicas sejam eliminadas da carne e não coloquem em risco a saúde humana.

 

A medida atinge medicamentos de controle da chamada “atividade antiparasitária” com quarentena superior a 42 dias. Em março deste ano, o JBS teve um carregamento de carne enlatada proibido de entrar nos Estados Unidos após o órgão fitossanitário daquele país identificar um teor de avermectinas acima do permitido pelo mercado norte-americano.

A carne brasileira também sofreu embargo dos EUA pelo mesmo motivo em 2010. A suspensão da obrigatoriedade do vermífugo pode acelerar o corte sem a quarentena. A medida tomada pelo secretário Rodrigo Figueiredo, titular da SDA, é apontada por agentes técnicos agropecuários e parte da indústria veterinária como favorável à JBS, como mostrou o Broadcast na semana passada.

Ele e a empresa não quiseram se pronunciar. Os agentes chegaram a procurar senadores do PMDB, partido que indicou Figueiredo para o cargo, para pedir seu substituição. Promessa de compensação, a indústria veterinária se rebelou contra a decisão do governo, que tomou a medida após o Ministério da Agricultura ter criado um grupo de trabalho para encontrar uma solução científica para o uso de avermectinas no Brasil.

O grupo – formado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Embrapa, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e a Universidade de São Paulo (USP) – recebeu prazo de 15 dias para apresentar um roteiro do estudo.

O prazo ao grupo de trabalho havia sido dado com base em uma instrução anterior, de 8 de maio, em que a SDA determinava que as avermectinas deveriam ter venda controlada, com o uso de receita emitida por veterinário.

A SDA baixou a instrução proibindo a comercialização do remédio 20 dias depois, sem a conclusão do estudo técnico. Geller se comprometeu, agora, a adotar medidas para compensar a suspensão. Ele não adiantou à FPA o que pode ser essa compensação, mas a expectativa é de que Agricultura flexibilize a aplicação do remédio em novilhos.

A Abiec se ofereceu ao ministro para fazer a aplicação de avermectinas em mil bois para depois sacrificá-los e estudar mais detalhadamente por quanto tempo o vermífugo permanece na carne. O ministro não deu sinal verde para o projeto.

 

POR ESTADÃO CONTEÚDO

FONTE: GLOBO RURAL

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