Notícias

Em MT, agricultores aumentam as apostas no cultivo da soja sobre soja

Hoje, o preço da soja está mais atrativo que o de outras culturas.

Especialistas alertam risco de pragas e doenças e uso de agrotóxicos

Em Mato Grosso, onde a colheita da soja praticamente acabou, o desafio agora é plantar o grão na safrinha. A área cultivada aumentou muito este ano, causando preocupação para os pesquisadores.

As plantas estão verdinhas em plena época de colheita. O agricultor Paulo de Aguiar ainda olha com certa desconfiança o desenvolvimento da soja semeada há 30 dias. Há quase três décadas na atividade, esta é a primeira vez que ele investe na safrinha de soja. “Hoje os preços da soja estão muito atrativos e como o milho está com custos altos e preços baixos, aí decidimos fazer esta experiência este ano”, diz.

A soja safrinha ocupa 150 hectares em Campo Verde, sudeste de Mato Grosso, menos de 10% da área da soja de verão, plantada entre setembro e outubro.

Assim como o espaço, a produtividade também deve ser menor que a da safra tradicional. As plantas rendem menos porque na soja segunda safra, a fase de enchimento dos grãos coincide com os períodos de estiagem. Para não perder muito dinheiro, os produtores costumam cortar os gastos com as lavouras, diminuindo, por exemplo, o uso de adubos.

Não queremos proibir nada, o direito do produtor viabilizar a sua propriedade tem que acontecer, mas o limite dele vai até onde começa a gerar problema para o vizinho e a comunidade”

Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja

Até algum tempo atrás era raro encontrar em Mato Grosso agricultores que investissem na safrinha de soja. Em 2011, por exemplo, as lavouras ocupavam pouco mais de 8 mil hectares em todo o estado, só que de lá para cá, os investimentos aumentaram e este ano a expectativa é de que as plantações se estendam por mais de 122 mil hectares, área quase seis vezes maior do que a registrada no ano passado.

Além do preço mais atrativo que o de outras culturas, muitos agricultores optam pela soja com o objetivo de produzir as próprias sementes que vão ser usadas na safra seguinte. A estratégia é adotada há cinco anos por Paulo Lauxen em Sinop, no norte do estado.

Na fazenda dele, a soja safrinha ganhou mais espaço este ano, passando de 400 para 1,2 mil hectares. “Nós não temos custo com a semente, a gente usa menos adubação, a metade que safra normal e colhemos até 50 sacas por hectare. Fora isso, na safrinha você sempre vende a soja por um preço bem mais alto do que na safra normal, então você acaba tendo o mesmo lucro. É muito bom”, revela.

Apesar de economicamente viável, o plantio de soja sobre soja gera polêmica. Existe a preocupação de que a permanência das plantas por mais tempo no campo crie condições para um ataque mais intenso de pragas e doenças.

O alerta também envolve as consequências do maior uso de agrotóxicos. “Nós temos hoje não mais que seis fungicidas que estão funcionando, de certa forma, boa para controlar a ferrugem. A soja safrinha amplia em 3X a necessidade de aplicação de fungicida, significa que nós vamos acelerar em 3X a perda destes já poucos produtos que têm alguma eficiência para a ferrugem e eles não serão eficientes na safra seguinte”, explica Wanderlei Dias Guerra, engenheiro agrônomo do Ministério da Agricultura/MT.

A Associação dos Produtores também está atenta a expansão. “Nós vamos trabalhar de forma técnica, não queremos proibir nada, o direito do produtor viabilizar a sua propriedade tem que acontecer, mas o limite dele vai até onde começa a gerar problema para o seu vizinho e para toda a comunidade”, diz Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja).

A colheita tem que ser feita até o dia 15 de junho, quando começa o vazio sanitário da soja, em Mato Grosso.

 

Por: Globo Rural

Fonte: Globo Rural

 

Clique aqui para Comentar

Você precisa fazer o login para publicar um comentário. Logar

Deixe sua Resposta

Mais Lidas

Topo