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A União Européia pode mesmo parar de comprar carne bovina do Brasil?

Produtores da França e da Irlanda voltaram a solicitar embargo total à carne bovina do Brasil. Parece até que virou moda, quase toda semana é isso. As razões são as de sempre: alegam que o Brasil não atende às exigências do bloco, principalmente aquelas relacionadas à sanidade e à rastreabilidade.

O embasamento e a mobilização brasileira em torno de atender, ou não, as reivindicações européias não são o foco dessa análise. A questão que se pretende discutir aqui é se a União Européia pode mesmo se “dar ao luxo” de ficar sem a carne brasileira.

De acordo com o último relatório da FAO (órgão das Nações Unidas para questões de agricultura e alimentação), o déficit de carne bovina na União Européia alcançou 500 mil toneladas equivalente carcaça em 2006, ou seja, todo esse montante precisou ser importado.

Em síntese, a União Européia precisará importar 600 mil toneladas equivalente carcaça de carne bovina em 2007. Isso equivale, por exemplo, a 50% das exportações totais da Austrália (segundo maior exportador do planeta) ou 100% das exportações da Argentina (que está entre os cinco maiores exportadores mundiais).

O déficit europeu de carne bovina, que já era elevado, vai crescer 20% em relação a 2006. Portanto, embargar o principal fornecedor, sem que exista uma razão concreta, ou tecnicamente justificável para tanto, não parece boa idéia.

Que outro exportador poderia atender de forma eficiente a demanda européia? O Uruguai está “ocupado” com os Estados Unidos. Austrália e Nova Zelândia precisam atender os asiáticos e sofrem com um ajuste produtivo por conta de problemas climáticos (seca). A Argentina, por sua vez, tem praticado auto-embargo e, por fim, a própria produção européia, de acordo com a FAO, não deverá evoluir a contento.

Alguém pode lembrar que os Estados Unidos estão voltando ao mercado. Mas será que os europeus, tão rigorosos e exigentes, irão aceitar a carne norte-americana? Não faz muito tempo que a “vaca louca” andou passeando pelas terras do Tio Sam. Sem contar o uso de hormônios, alimentos derivados de organismos geneticamente modificados, etc.

Em síntese, a União Européia pode até levar a cabo as ameaças e banir de vez a carne brasileira de seu território. Mas, para tanto, a população local precisa estar consciente de que terá que comer mais carne branca e pagar uma fortuna pelas migalhas de carne vermelha disponíveis. (FTR)

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