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O uso de aditivos na dieta pode modificar o comportamento alimentar de vacas leiteiras

Pesquisadores têm estudado fatores físicos, digestivos e metabólicos que contribuem para a regulação voluntária do consumo de alimentos em vacas leiteiras. A identificação destes fatores é necessária para formulação de dietas que possam ajudar a aperfeiçoar o consumo de alimentos. Isto é importante para aumentar a produção de leite e também para ajudar vacas no início da lactação, que geralmente estão em balanço energético negativo.

Mudanças no consumo de alimentos podem ser mediadas por mudanças no comportamento da alimentação. Por exemplo, para uma vaca comer mais, é necessário modificar o tamanho ou a frequência das refeições, ou uma combinação das duas. Como consequência essa precisará aumentar o tempo e ou a taxa de consumo.

O comportamento alimentar não é importante apenas para o consumo total de matéria seca, mas também para manter o rúmen saudável e funcionando eficientemente. Refeições longas e de grande quantidade em uma velocidade rápida têm sido associado com uma incidência elevada de acidose subclínica em vacas leiteiras. A razão para este risco é que o pH do rúmen cai após a refeição devido a produção de ácidos graxos. A taxa de queda do pH aumenta com o tamanho da refeição. E com o animal gastando menos tempo para comer, há um aumento na taxa de consumo de alimento, com consequente redução da produção diária de saliva, diminuindo a capacidade tamponante do rúmen e reduzindo ainda mais o pH.

Refeições pequenas e com maior frequência

Uma alternativa para diminuir o risco de acidose subclínica é diminuir a taxa de consumo de matéria seca, aumentando a frequência de consumo de alimento. Com refeições menores durante o dia, o tamponamento do rúmen é maximizado e a variação de pH durante o dia diminui. Portanto, para maximizar a saúde e eficiência em produtividade é importante utilizar estratégias que promovam a consumo frequente de alimento em refeições pequenas durante o dia.

Em condições naturais de pastejo, vacas consomem alimentos até 9 horas por dia. O momento da alimentação é dividido em várias refeições durante o dia, com grande parte do alimento sendo consumido no início da manhã e final da tarde. Em situações onde as vacas recebem dieta completa no cocho, os animais tipicamente consomem o alimento em três a cinco horas por dia, divididos entre 10 ou mais refeições por dia. Esse comportamento de alimentação com dieta completa é influenciado pelos tipos de alimentos fornecidos, pelo manejo e ambiente.

Aditivos podem modificar consumo

O uso de dieta completa, com alta concentração de forragem promoverá um consumo de alimentos mais lento com mais refeições por dia. Infelizmente, isso não é comum, pois a tendência é fornecer dietas com baixa concentração de forragem e muitas vezes com esta sendo picada fina, com o objetivo de maximizar consumo e digestibilidade para atingir os requerimentos do animal. Portanto, levando em consideração que precisamos explorar oportunidades de modificar o comportamento alimentar das vacas com as dietas que fornecemos, existem inúmeras evidências que a utilização de aditivos pode impactar o comportamento alimentar.

Em trabalhos recentes na Universidade de Guelph, pesquisadores demonstraram que a suplementação de vacas leiteiras com cepas vivas de Saccharomyces cerevisiae causou um impacto positivo no comportamento alimentar. A suplementação com esta levedura levou animais a consumirem a dieta com mais frequência. Pesquisadores espanhóis obtiveram a mesma resposta com a suplementação desta levedura, e o aditivo ainda aumentou o pH do rúmen. O benefício de aumento de frequência de alimentação não é único desta levedura. A adição de monensina também aumentou a frequência de consumo e a quantidade da dieta consumida, de acordo com trabalhos da Universidade de Kansas.

Estabilização do pH é chave

O ponto comum entre este estudos é a associação entre um melhor comportamento alimentar e a redução da variação no pH. Se o comportamento alimentar afeta o pH, é muito provável que levedura viva e monensina possuem o potencial de estabilizar o pH na fermentação e afetar o comportamento alimentar secundariamente. A fermentação mais consistente deve resultar em menor variação na produção de ácidos graxos voláteis, melhorar a digestão de fibras e levar a um retorno mais rápido ao consumo. Neste ponto, não se pode concluir o que é causa e consequência, se a melhora no ambiente rumenal é devido ao comportamento alimentar ou vice-versa. Do ponto de vista da vaca não importa!

Aditivos alimentares que promovam comportamento alimentar mais saudável e possuem um impacto positivo no ambiente rumenal podem ser útil particularmente em situações onde existe chance de depressão de gordura do leite, como em dietas com alta inclusão de amido, pós-parto e vacas com maior chance de desenvolver acidose subclínica. Nestas situações, a utilização de aditivos, em adição às questões de manejo de cocho, pode permitir que as vacas utilizem os alimentos no seu máximo potencial e continuem saudáveis e produtivas.

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